Israel ameaça grande ofensiva; palestino mata quatro

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Por Agencia Estado
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Perante uma possível ofensiva militar por parte do Exército israelense, o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, declarou nesta quinta-feira que está pronto para trabalhar por "um cessar-fogo imediato" com Israel. Enquanto isso, na noite de hoje, um pistoleiro palestino abriu fogo contra um assentamento judaico nos arredores da cidade cisjordaniana de Nablus, deixando quatro pessoas mortas e uma ferida, informaram fontes militares. O grupo militante Hamas assumiu a responsabilidade pelo atentado. O tiroteio no assentamento de Eilon Moreh ocorreu um dia depois de um militante suicida palestino ter causado a morte de 20 pessoas num hotel israelense na costa do Mar Mediterrâneo durante as comemorações da Páscoa judaica, levando a especulações de que Israel responderia com uma ofensiva militar em larga escala. Arafat, durante uma entrevista coletiva concedida hoje, contou ter dito ao enviado especial norte-americano ao Oriente Médio, Anthony Zinni, que está pronto para negociar a trégua sem impor condição. "Estamos prontos", disse Arafat a jornalistas no complexo da Autoridade Palestina em Ramallah, onde tropas israelenses o mantêm confinado há quatro meses "Estou garantindo nossa prontidão para trabalhar por um cessar-fogo, uma trégua imediata." A declaração de Arafat foi o mais forte sinal de que os palestinos estariam dispostos a aceitar um cessar-fogo. Durante as duas últimas semanas, Zinni vem tentando negociar uma trégua. Porém, as duas partes divergem sobre a forma de um plano de trégua inicialmente endossado por elas. Apesar disso, Arafat não declarou abertamente a trégua e a resposta imediata de Israel foi indiferente. "Isto não é nada", disse o vice-ministro de Relações Exteriores de Israel, Michael Melchior, acrescentando que Arafat não deu ordem explícita de repressão a supostos militantes palestinos. O porta-voz do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, minimizou a promessa feita por Arafat. "Nós veremos um sinal de esperança quando Arafat começar a agir", disse Raanan Gissin, assessor do premier israelense, à rede de tevê norte-americana CNN. "Ele tem de agir de fato. Declarações não farão isso". A breve entrevista coletiva de Arafat não foi transmitida ao vivo pela tevê, apesar de ter sido tema do noticiário noturno na região. Comentando os informes de que Israel estaria preparando uma retaliação maciça contra o ataque suicida de ontem, no qual 20 israelenses morreram, Arafat disse: "Infelizmente, há alguns preparativos agressivos dos israelenses para executar uma operação militar ampla contra nossos civis, nossas cidades e nossos campos de refugiados, que é uma ameaça ao processo de paz e à iniciativa de paz anunciada na cúpula da Liga Árabe e tem como alvos nosso povo e a Autoridade Palestina." As posições do Exército israelense nos arredores de Ramallah foram reforçadas hoje, mas os soldados e veículos blindados não avançaram. O gabinete de Sharon reuniu-se pouco após as declarações de Arafat. "O aumento da atividade terrorista, os atos de terror, um homem estar por trás disto: Yasser Arafat", insistiu o primeiro-ministro israelense. "Devido ao fato de a Autoridade Palestina não ter dado nenhum passo para conter a mínima atividade terrorista, decidi que o gabinete deveria reunir-se hoje à noite. Precisamos tomar algumas decisões." Numa reunião após o atentado de ontem, autoridades israelenses chegaram perto de abandonar os esforços de trégua liderados pelos Estados Unidos e sugeriram que esperariam até o último minuto para que os palestinos aceitassem a trégua e reprimissem militantes contrários ao fim de exatos 18 meses de violência. Mesmo assim, Gissin, o assessor de Sharon, disse que Israel deixou claro para os Estados Unidos que se reserva o direito de retaliar duramente se os palestinos promoverem algum atentado de grandes proporções durante as negociações de cessar-fogo. "Israel terá todo o direito de autodefesa e adotará as medidas necessárias para punir todos aqueles que perpretarem e ajudarem nesses ataques", ameaçou. Para se antecipar a possíveis ataques israelenses, repartições públicas palestinas na Cisjordânia foram esvaziadas nesta quinta-feira. Em Ramallah, pais aterrorizados corriam até as escolas e os moradores estocavam comida. Ainda hoje, tropas israelenses reforçaram bloqueios em torno de cidades cisjordanianas e interromperam o tráfego de veículos entre o norte e o sul da Faixa de Gaza.

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