Israel anuncia construção de novas casas em Jerusalem Oriental

Para representante palestino, medida 'é o último prego no caixão do já agonizante processo de paz'

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Atualização:

Bairro de Pisgat Zeev, onde serão erguidas novas casas.

 

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TEL AVIV - O Ministério da Habitação de Israel publicou nesta sexta-feira, 15, uma licitação para a construção de 238 novas casas em Jerusalém Oriental, em meio à crise no processo de paz. O anúncio das novas construções inclui 158 unidades habitacionais no assentamento de Ramot e mais 80 em Pisgat Zeev, ambos em Jerusalém Oriental.

 

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A medida veio em um momento delicado nas negociações de paz entre israelenses e palestinos, que foram suspensas pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, após a recusa do premiê Benjamin Netanyahu em estender o prazo do congelamento da construção de assentamentos na Cisjordânia, expirado no dia 26 de setembro. O responsável por assuntos de Jerusalém do partido Fatah - partido do presidente Abbas - Hatem Abdel Kader, disse ao site de notícias Ynet que a publicação da nova licitação "detona" os esforços americanos para salvar o processo de paz. "Esse é o último prego no caixão do processo de paz, já agonizante", afirmou Abdel Kader. Para o representante palestino, Netanyahu "preferiu manter sua coalizão extremista abrindo mão dos esforços para alcançar um acordo de paz". Anúncio oficial Esta é a primeira vez que o governo israelense anuncia oficialmente a construção de novas casas em Jerusalém Oriental, desde a polêmica causada durante a visita do vice-presidente Joe Biden a Israel, em março deste ano. Na ocasião, o anúncio da construção de 1.600 unidades habitacionais em Jerusalém Oriental gerou tensão entre Israel e os EUA, levando Netanyahu a instruir diversos órgãos do governo a "agir com cautela" em relação à ampliação dos assentamentos na cidade. O congelamento da construção dos assentamentos, decretado por Israel, não incluiu oficialmente a área de Jerusalém Oriental, que o governo do país define como parte integral da capital "eterna e indivisível" do Estado de Israel, porém, na prática, desde março não vinham sendo anunciadas novas construções nesta região. Cerca de 200 mil israelenses moram na parte oriental de Jerusalém, que é reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado. A área era habitada principalmente por palestinos, mas desde a anexação após a guerra dos seis dias em 1967 ela vem passando por um processo contínuo de colonização por parte das autoridades israelenses. Mais 300 mil colonos moram no território palestino da Cisjordânia, em cerca de 150 assentamentos. A construção dos assentamentos na Cisjordânia foi congelada pelo governo israelense em novembro de 2009 e retomada em 26 de setembro deste ano, apesar dos pedidos dos EUA, da ONU e de países europeus para que o governo israelense prolongasse o congelamento. O ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit, declarou nesta sexta-feira que se Israel não prolongar o congelamento dos assentamentos, a Liga Árabe solicitará à ONU o reconhecimento do Estado Palestino. "Se Israel continuar construindo, a Liga Árabe estudará outras opções", disse o chanceler egipcio.

 

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