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Israel apresenta uma 'lista' para pacto ideal com o Irã

Ministro da Inteligência divulga requisitos específicos que seu governo gostaria de ver em acordo sobre programa nuclear iraniano

Atualização:

 JERUSALÉM - Claramente insatisfeito com as garantias de Washington, Israel listou ontem requisitos específicos que gostaria que estivessem em qualquer acordo final com o Irã relacionado ao programa nuclear do país. O ministro israelense de Inteligência e Assuntos Estratégicos, Yuval Steinitz, apresentou um rol de alterações desejadas pelo governo para umacordo final, a ser firmado em 30 de junho. Segundo ele, essas mudanças tornariam o pacto“mais razoável”.

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O governo israelense afirma que as alterações são necessárias para "fechar brechas perigosas" no acordo preliminar acertado entre o Irã e potências do chamado P5+1 - EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e a Alemanha – em Lausanne, Suíça, na quinta-feira.

A reação de Israel veio depois das garantias do presidente Barack Obama de que o acordo preliminar era “de longe a melhor aposta” para impedir Teerã de obter uma arma nuclear e sua promessa aos israelenses de que os EUA “estão prontos para defendê-ls".

Steinitz disse que a sugestão de que não havia nenhuma alternativa ao acordo ou que Israel não havia apresentado uma outra possibilidade “está errada”.

“A alternativa não é para declarar guerra ao Irã”, disse ele, falando a jornalistas num hotel de Jerusalém. “É aumentar a pressão, ficar firme e levar o Irã a fazer concessões sérias para ter um acordo muito melhor.”

As discordâncias entre Israel e Obama relacionadas às negociações com o Irã mancharam seriamente as relações bilaterais nos últimos meses. A Casa Branca ficou furiosa com a decisão do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, de falar a uma sessão conjunta do Congresso americano, no mês passado, para criticar o acordo iminente sem consultá-la.

Diante do tom mais conciliatório de Obama com Israel nos últimos dias, o governo deixou claro que pretende manter a pressão sobre o Irã. No domingo, Netanyahu apareceu nos programas This Week, da ABC, State of the Union, da CNN, e Meet the Press, da NBC News.“Não estou tentando acabar com nenhum acordo. Estou tentando acabar com um mau acordo”, disse.

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A abordagem de Netanyahu, porém, tem rendido críticas a Israel. Efraim Halevy, ex-chefe da agência de inteligência israelense Mossad, sugeriu que os críticos de Obama deviam mudar de tom. Ele disse à Rádio do Exército ontem que Israel teve três meses para fazer lobby para o governo Obama melhorar pontos específicos do acordo com o Irã.“Para influenciar, é preciso agir com respeito pelo seu parceiro”, disse.

Ontem, Steinitz disse que Israel estaria fazendo novos esforços para persuadir o governo Obama e o Congresso, bem como Grã-Bretanha, França, Rússia e outras potências mundiais “a não assinarem esse acordo ruim ou, pelo menos, alterá-lo ou corrigi-lo dramaticamente”.

Referindo-se à explicação de Obama numa entrevista a Thomas Friedman, colunista do New York Times, de que, se o Irã fizesse objeção a inspeções de unidades, haveria um mecanismo internacional preparado para avaliar essas objeções, Steinitz disse que ele “não era bom o suficiente”. Segundo ele, é insatisfatório em razão do tempo exigido para remeter suspeitas a um comitê e também porque ninguém desejaria expor dados de inteligência sensíveis a um comitê que incluísse uma presença iraniana.

Existe uma crença internacional de que Israel possui um arsenal nuclear, mas mantém uma política de ambiguidade, não confirmando ounegando que possui armas nucleares.

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Pelo acordo negociado com os EUA e outras potências, o Irã concordou em reduzir significativamente seu programa nuclear por 10 a 15 anos e aceitar inspeções internacionais intensas, embora a estrutura das inspeções tenha ficado vaga.

O Irã deve supostamente limitar o enriquecimento de urânio em sua instalação de Natanz a um nível útil somente para fins civis e reduzir o número de centrífugas instaladas em cerca de dois terços. Ele converteria a usina de Fordo num centro para pesquisas pacíficas, deixaria de enriquecer urânio por pelo menos 15 anos, embora o acordo proposto permita que o Irã retenha cerca de mil centrífugas em suas instalações subterrâneas. O Irã também modificaria seu reator de água pesada em Arak para torná-lo incapaz de produzir plutônio.

Em troca, os EUA e outras nações levantariam as sanções que vêm sacrificando a economia iraniana. Obama disse que as sanções só serão levantadas depois que o Irã tiver cumprido seus compromissos.

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Com respeito à declaração de Obama de que os EUA respaldariam Israel ante qualquer agressão iraniana, Steinitz agradeceu, mas acrescentou que um Irã equipado com armas nucleares seria uma ameaça existencial a Israel. “Ninguém pode nos dizer que apoio e assistência são suficientes para neutralizar semelhante ameaça”, disse ele.

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