Israel aprova expansão de operações terrestres contra o Hezbollah

Exército intensificará a ofensiva, em sua corrida contra o relógio antes que a ONU aprove uma resolução exigindo um cessar-fogo das partes em conflito

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Gabinete de Segurança de Israel aprovou no começo da terça-feira, horário local, a expansão das operações terrestres no Líbano com o objetivo de enfraquecer o Hezbollah e rejeitou um cessar-fogo até que uma força internacional seja deslocada para a região, afirmou um dos participantes da reunião. Por ocasião da suspensão durante 48 horas dos bombardeios aéreos israelenses no Líbano, decidida no domingo pelo primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, o Exército israelense intensificará a ofensiva por terra, em sua corrida contra o relógio antes que a ONU aprove uma resolução exigindo um cessar-fogo das partes em conflito. As fontes governamentais citadas consideram que o Exército israelense tem "pelo menos uma semana, o tempo que a ONU precisa para passar a resolução no Conselho de Segurança e enviar as primeiras forças de interposição", o que, calculam, "só ocorrerá depois da próxima segunda-feira". Durante a suspensão dos bombardeios, o Exército israelense deverá combater o Hezbollah sem contar com a Força Aérea. Olmert afirmou que "não há e não haverá cessar-fogo" nos próximos dias. Mesmo com o acordo selado, no domingo, após o massacre na aldeia libanesa de Qana, no qual cerca de 60 pessoas morreram, de que os ataques aéreos cessariam durante 48 horas, Israel bombardeou na manhã desta segunda-feira a vila de Taibe. O ataque teve como objetivo proteger as forças terrestres que operavam na área e que foram atacadas por militantes do Hezbollah. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, manteve sua recusa em pressionar por um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, como deseja a comunidade internacional, até que tropas multinacionais sejam enviadas ao Líbano e que os dois soldados israelenses seqüestrados pelo Hezbollah sejam liberados. Israel mantém objetivos Nesta segunda-feira, segundo o jornal Yedioth Ahronoth, os altos comandantes do Exército israelense já buscavam vias alternativas para alcançar os objetivos táticos e estratégicos fixados pelo Governo no início da ofensiva, em 12 de julho, que não mudaram em nenhum momento. "Os objetivos não mudaram, Israel ainda tentará criar uma situação tática diferente da que havia na zona fronteiriça antes de 12 de julho", disse o tenente-coronel da reserva Mordechai Kedar, que foi oficial do Serviço de Informação durante 25 anos, antes de se dedicar à docência. Kedar - também especialista em movimentos fundamentalistas islâmicos - disse que, com as últimas restrições operativas, o Exército se dedicará agora a destruir todas as infra-estruturas terrestres ao longo da zona fronteiriça, através de incursões mais ou menos aceleradas. O que Israel não destruir "ficará nas mãos do Hezbollah, por isso, a partir de agora, quanto mais for destruído, melhor", acrescentou. As operações israelenses no Líbano tiveram duas dimensões, uma estratégica e outra tática. A primeira consistia em restaurar a capacidade de dissuasão do Exército através de bombardeios aéreos maciços em Beirute e em outras cidades libanesas. A dimensão tática consiste em destruir os redutos, bases, posições e bunker do Hezbollah na área fronteiriça, para impedir a volta dos milicianos e limitar sua capacidade ofensiva. Israel, afirma Kedar, não quer colocar fim à disputa sem ter alcançado grande parte de seus objetivos táticos, que são os que representam a ameaça mais iminente contra a população civil, ou seja, os ataques fronteiriços com foguetes de pequeno calibre, armas automáticas e bombas.

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