
20 de setembro de 2010 | 17h02
GAZA- Vinte carros chegaram à Faixa de Gaza nesta segunda-feira, 20, o primeiro carregamento deste tipo permitido por Israel em mais de três anos, informou a agência France Presse.
Desde que o Hamas tomou o poder no território, expulsando os aliados do presidente palestinos Mahmoud Abbas três anos atrás, Israel não permitiu a entrada de qualquer veículo de passageiros, e os habitantes da região só podiam adquirir veículos no mercado local de segunda mão.
Apesar disso, alguns carros teriam sido contrabandeados por meio dos túneis sob a fronteira com o Egito. Os carros serão distribuídos para três importadoras, que vão repassá-los para vendedores locais.
O chefe do comitê palestino de coordenação de entrada de bens em Gaza, Raed Fatouh, explicou que os veículos cruzaram o posto fronteiriço de Erez com mais quatro caminhões, que também foram autorizados a entrar no território palestino.
A entrada dos automóveis foi anunciada em Ramala, na Cisjordânia, pelo ministro dos Transportes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Sa'di al-Kurunz, que afirmou que Israel prosseguirá autorizando o ingresso de veículos novos em Gaza.
Em comunicado, al-Kurunz disse que Israel enviará, nos próximos dias, mais automóveis, "em coordenação com nosso Ministério", no que parece um desafio à autoridade do Hamas.
Segundo explicou Zaher Salah, vendedor de veículos em Gaza, esta primeira frota é integrada por 16 utilitários Volkswagen e quatro Hyundai, todos lançados neste ano.
"É uma boa decisão", disse Salah, que estimou entre US$ 15 mil e US$ 30 mil o preço que os automóveis alcançarão no mercado local.
Salah argumentou que desde o endurecimento do bloqueio israelense os habitantes de Gaza se viam obrigados a comprar veículos usados e que, para as substituições de peças, deviam recorrer ao contrabando pelos túneis que unem a faixa palestina ao território egípcio.
"Essa situação tinha disparado os preços", disse o vendedor de automóveis, que previu um progressivo "retorno à normalidade" caso o abastecimento de veículos por Israel continue.
A entrada de veículos na Faixa de Gaza faz parte da flexibilização do bloqueio israelense ao território, em decorrência da onda de protestos internacionais suscitada pela abordagem militar israelense contra a frota com ajuda humanitária aos palestinos, em 31 de maio.
Entre os países que mais pressionaram Israel está seu principal aliado internacional, os Estados Unidos. Porta-vozes da Casa Branca consideraram que "nas atuais circunstâncias, o bloqueio econômico a Gaza é insustentável".
Em junho, menos de um mês depois da abordagem, Israel começou a autorizar a entrada em Gaza de produtos alimentícios até então vedados, como refrescos, marmelada, sucos, doces, chocolate, batatas fritas e algumas frutas e verduras.
De acordo com analistas locais, a autorização da entrada de carros em Gaza teria também o objetivo de fortalecer a ANP - com a qual Israel mantém um novo processo de negociação - e prejudicar o Hamas.
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