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Israel autoriza novas construções em assentamento na Cisjordânia

Anúncio de novos apartamentos em área ultraortodoxa pode afetar diálogo com palestinos.

Por Guila Flint
Atualização:

O Ministério da Defesa de Israel aprovou a construção de 112 apartamentos no assentamento ultraortodoxo de Beitar Ilit, na Cisjordânia, às vésperas da retomada das negociações de paz com os palestinos. O anúncio do governo israelense, feito no mesmo dia em que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, inicia sua visita ao Oriente Médio, pode afetar a retomada das negociações entre israelenses e palestinos, que estava prevista durante a visita. A ampliação do assentamento de Beitar Ilit contradiz a decisão do governo israelense, anunciada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em novembro de 2009, de congelar a construção na Cisjordânia "para facilitar a retomada das negociações". O presidente palestino Mahmoud Abbas cedeu às pressões dos Estados Unidos e concordou em retomar as negociações de maneira indireta. O enviado especial do presidente americano Barack Obama para o Oriente Médio, George Mitchell, deverá servir como mediador entre Jerusalém e Ramallah e se encontrar separadamente com representantes israelenses e palestinos. De acordo com o principal negociador palestino, Saeb Erekat, as negociações indiretas mediadas por Mitchell serão uma "última chance de manter o processo de paz vivo". Negociações paradas As negociações entre israelenses e palestinos estão congeladas desde dezembro de 2008, quando o presidente palestino suspendeu o diálogo com o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, depois que Israel iniciou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza. Desde as eleições de fevereiro de 2009, que levaram Benjamin Netanyahu ao poder em Israel, não houve uma retomada do diálogo, e a liderança palestina anunciou que só voltaria à mesa de negociações se Israel congelasse totalmente a ampliação dos assentamentos nos territórios ocupados - inclusive em Jerusalém Oriental. No entanto, Abbas recebeu o apoio da Liga Árabe e da Organização pela Libertação da Palestina para as negociações indiretas, mesmo sem o congelamento dos assentamentos. Depois do anúncio das novas construções na Cisjordânia, o secretário geral da Liga Árabe, Amer Moussa, declarou que, com a medida, o governo israelense está enviando uma "mensagem negativa a Biden e a Mitchell". O negociador palestino também protestou contra a decisão israelense. "Israel está tentando sabotar as negociações mesmo antes de começarem", afirmou Saeb Erekat. O grupo pacifista israelense Peace Now (Paz Agora) criticou a decisão do governo. "Infelizmente, o governo de Israel está recebendo o vice-presidente americano com uma demonstração de que não tem intenções genuínas de avançar com o processo de paz", disse um porta-voz do grupo ao jornal Haaretz. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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