Israel bloqueia missão de Tutu sobre morte de palestinos

País vetou a realização da investigação, liderada pelo sul-africano vencedor do Nobel da Paz Desmond Tutu, acerca do assassinato de 19 em bombardeiro em Gaza

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Por Agencia Estado
Atualização:

Foi cancelada a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) a ser liderada pelo sul-africano Desmond Tutu e que investigaria a morte de 19 civis na Faixa de Gaza durante um bombardeio israelense, afirmou uma porta-voz nesta segunda-feira, 11. Israel não autorizou a realização da missão. Tutu, vencedor do Nobel da Paz e que recebeu o convite para chefiar a missão do Conselho de Direitos Humanos, tinha outros compromissos e não pôde esperar mais para obter a permissão de Israel, acrescentou a porta-voz, Sonia Bakar. "A missão foi cancelada. Era para termos viajado ontem (domingo)", disse Bakar. O conselho, principal órgão de defesa dos direitos humanos da ONU, condenou no dia 8 de novembro as mortes em Beit Hanoun e, no mês passado, decidiu enviar uma missão até a área a fim de investigar o ocorrido. Miri Eisin, porta-voz do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, afirmou que o país tinha investigado o caso e que tinha reconhecido haver cometido erros. Eisin acrescentou que a missão da ONU, na opinião do governo israelense, não teria sentido. "A comissão parte do pressuposto de que Israel ataca civis, mas não leva em conta os disparos diários de foguete que têm por alvo civis israelenses." O Conselho de Direitos Humanos, um órgão composto por 47 países-membros e que, em junho, substituiu a antiga Comissão de Direitos Humanos da ONU, já aprovou sete resoluções condenando as ações de Israel no território palestino e no Líbano. E realizou três sessões especiais dedicadas a Israel. Apesar de ter aceitado a visita de investigadores especiais da ONU para a questão dos direitos humanos, o Estado judaico, que não é membro do órgão, nunca concordou com qualquer missão do tipo, seja da comissão seja do conselho. Tutu, o ex-arcebispo da Cidade do Cabo, recebeu o Nobel da Paz em 1984 devido a sua luta contra o apartheid. Ele deveria entregar seu relatório ao conselho no final desta semana.

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