Israel bombardeou comboio no Sudão em janeiro, revela TV

Ataque, lançado durante ofensiva em Gaza, teria como alvo armamento destinado ao Hamas

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Por AP , AFP , REUTERS e CARTUM
Atualização:

Israel está por trás do misterioso bombardeio realizado em janeiro - durante as três semanas de ataque à Faixa de Gaza - em uma região desértica do nordeste do Sudão, próximo da fronteira com o Egito e do Mar Vermelho. A informação foi revelada ontem pela rede americana CBS. O alvo dos caças israelenses teria sido um comboio que levava armas para o Hamas, em Gaza. Pelo menos 39 supostos militantes teriam sido mortos, segundo duas autoridades sudanesas que pediram anonimato. Israel não confirmou, mas tampouco negou envolvimento. Ontem, um discurso do primeiro-ministro Ehud Olmert reforçou as suspeitas sobre a participação israelense. "Agimos onde podemos para atacar a infraestrutura do terror, seja em lugares próximos ou distantes. Não há motivos para entrar em detalhes. Quem precisa saber sabe que não existem lugares onde Israel é incapaz de agir." O governo israelense acusa o Irã de enviar armamento ao Hamas pelo Sudão. Nos últimos dois anos, Israel foi acusado de bombardear uma suposta instalação nuclear na Síria e de assassinar o líder do Hezbollah Imad Moughniye, em Damasco. Mas as informações sobre o ataque ao Sudão ainda são contraditórias. O ministro dos Transportes sudanês, Mubarak Saleem, disse que, na verdade, foram dois bombardeios: primeiro, contra um comboio de 16 veículos que transportava imigrantes ilegais "e algumas armas leves"; o segundo, dias depois, contra 18 carros que "levavam apenas clandestinos". "Centenas de sudaneses, eritreus e etíopes" teriam morrido na ação, atribuída por Saalem não a Israel, mas aos EUA. Washington negou envolvimento no caso. "Os EUA não realizaram operações de combate na região", respondeu Vince Crawley, funcionário do Pentágono. Ali Youssef, porta-voz da chancelaria sudanesa, admitiu haver "discrepâncias" sobre o ocorrido e o número de mortos. Seu chefe, o chanceler Deng Alor, disse não ter conhecimento do ataque. Uma das autoridades sudanesas, que pediu anonimato, disse ter conversado com um mecânico etíope, supostamente o único sobrevivente do bombardeio. "Ele contou que dois aviões sobrevoaram o comboio e, depois, retornaram abrindo fogo. O homem não soube dizer a origem dos caças", afirmou. Rabie Atti, porta-voz do governo sudanês, qualificou o bombardeio de "genocídio", levantando suspeitas de que Cartum tenha revelado o caso para abafar ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional contra o presidente Omar al-Bashir. Ele é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade pelo genocídio em Darfur. SEM PRESSÃO O futuro premiê de Israel Binyamin "Bibi" Netanyahu disse não esperar que os EUA o pressionem para negociar com os palestinos. Quatro dos cinco partidos que já integram a coalizão governista de Bibi são contra a criação de um Estado palestino. Washington defende a negociação e a solução de dois Estados.

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