Israel condena mandado de prisão britânico contra Tipzi Livni

Ordem de prisão para ex-ministra israelense foi emitida por suspeitas de envolvimento em crimes de guerra em ofensiva em Gaza.

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Por Guila Flint
Atualização:

O Ministério das Relações Exteriores de Israel condenou o mandado de prisão emitido na segunda-feira por um tribunal britânico contra a ex-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni. A ordem de prisão foi emitida por suspeitas de envolvimento em crimes de guerra durante a ofensiva israelense a Faixa de Gaza, há um ano. Em nota oficial, publicada nesta terça-feira, o Ministério afirmou que "rejeita o procedimento judiciário cínico contra a líder da oposição, Tzipi Livni, por iniciativa de elementos radicais". "Israel pede que a Grã-Bretanha finalmente cumpra suas promessas e impeça que elementos anti-israelenses façam mal uso do sistema judiciário britânico contra Israel e seus cidadãos", diz o comunicado. O Ministério israelense também afirma que a Grã-Bretanha não poderá ter um papel ativo no processo de paz no Oriente Médio se os líderes israelenses não puderem visitar o país de maneira "apropriada e digna". O governo britânico prometeu investigar as circunstâncias do incidente. "A Grã-Bretanha está determinada a fazer todos os esforços para promover a paz no Oriente Médio e ser uma parceira estratégica de Israel", diz o comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores britânico. "Para esse fim, é necessário que os líderes de Israel possam visitar a Grã-Bretanha para se reunir com o governo britânico", conclui o comunicado. Primeiro mandado Esta é a primeira vez que um tribunal europeu emite uma ordem de prisão contra um líder politico israelense, por envolvimento na chamada Operação Chumbo Fundido. A ofensiva deixou cerca de 1.300 palestinos mortos, pelo menos dois terços deles civis. Do lado israelense o número de vítimas foi 13. De acordo com a imprensa israelense, a ordem do tribunal foi emitida a pedido de uma organização pró-palestina em Londres, no dia de um evento organizado pela comunidade judaica britânica, no qual se esperava a participação de Tzipi Livni. No entanto, Livni havia cancelado sua viagem e assim evitou uma possível detenção. De acordo com a ex-chanceler, o cancelamento da viagem foi por razões técnicas e sem relação alguma com o mandado de prisão. Livni declarou que "se orgulha de suas decisões durante a Operação Chumbo Fundido, a qual alcançou os objetivos de defender os cidadãos de Israel e restituir o poder de dissuasão de Israel". Em Israel, o mandado contra Livni desperta preocupação com a possibilidade de que medidas semelhantes sejam adotadas contra outros líderes do país que viajarem a Grã-Bretanha, especialmente Ehud Olmert, que era o primeiro-ministro na época da ofensiva à Faixa de Gaza, Ehud Barak, o ministro da Defesa e o general Gabi Ashkenazi, chefe do Estado Maior do Exército. Em 2005 um tribunal britânico emitiu uma ordem de prisão contra o general israelense Doron Almog, por suspeitas de violação da Convenção de Genebra e envolvimento na morte de civis palestinos na Faixa de Gaza. Almog, que estava chegando em Londres, foi avisado a tempo pelas autoridades israelenses e não desceu do avião no aeroporto de Heathrow, evitando assim a detenção. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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