Israel construirá nova embaixada em Buenos Aires 20 anos após atentado

Ataque ocorrido em 1992 contra a representação diplomática de Israel na Argentina matou 29 e feriu 240

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Por Ariel Palacios e correspondente em Buenos Aires
Atualização:

Texto atualizado às 20h41

 

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BUENOS AIRES – Vinte anos depois do atentado terrorista que arrasou a sede diplomática israelense na capital argentina, Buenos Aires, provocando a morte de 29 pessoas e deixando 240 feridas e mutiladas, o governo de Israel decidiu construir uma nova embaixada em Buenos Aires. O anúncio, feito pelo chanceler israelense Avigodr Lieberman, coincide com as cerimônias em memória às vítimas do ataque, cujo vigésimo aniversário ocorre no sábado, dia 17.

 

Desde o atentado, a sede diplomática funcionava provisoriamente em um edifício de escritórios na avenida de Mayo, a poucos quarteirões da Casa Rosada, o palácio presidencial. Na virada do século, o terreno da antiga embaixada, no centro portenho, foi transformado em uma praça em homenagem aos mortos.

 

A construção da nova sede, em localização ainda não divulgada, começará no ano que vem. Mas, segundo informações extraoficiais, o edifício será construído em um lugar considerado de alta segurança dentro da cidade de Buenos Aires.

 

Explosão

 

No dia 17 de março de 1992, às 14h45, uma caminhonete Ford-100 carregada de explosivos e dirigida por um motorista suicida, estacionou na frente da Embaixada de Israel, na rua Arroyo. Segundos depois, uma explosão destruiu totalmente o velho palacete Lastra, além de arrasar a fachada da escola primária Maters Admirabilis e a residência geriátrica que ficavam na calçada da frente. 

 

O cogumelo de fumaça da explosão, ocorrida a apenas 20 quarteirões da Casa Rosada, pôde ser visto desde vários pontos da cidade. Dois anos depois, no dia 18 de julho de 1994, na área do bairro de Balvanera informalmente conhecido como "Once", outro atentado destruiu a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), provocando a morte de 85 pessoas, além de 300 feridos.

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Nenhum grupo terrorista assumiu oficialmente a autoria dos dois atentados. No entanto, as suspeitas da Justiça argentina indicam que o governo do Irã estaria por trás da organização dos ataques, em conjunto com o Hezbollah e uma conexão argentina, hipoteticamente formada por integrantes da polícia da cidade de grupos cara-pintadas (militares que protagonizaram várias rebeliões nos quartéis nos anos 1980), famosos por seu antissemistimo.

 

Vahidi

 

Há cinco anos, a Argentina solicitou à Interpol a captura internacional de diversos iranianos que integravam o governo de Akbar Rafsanjani, presidente do Irã na época dos atentados. Entre as figuras que os argentinos querem colocar no banco dos réus está Ahmad Vahidi, atual ministro da Defesa, que em 1994 ocupava o posto de comandante da Força Quds.

 

No entanto, outras pistas indicam que o governo da Síria teria sido o autor do atentado, já que o presidente argentino na época, Carlos Menem – filho de imigrantes sírios – não havia cumprido a promessa de transferir a Damasco tecnologia missilística e atômica argentina. Menem, segundo vários autores, teria recebido fundos da Líbia e da Síria para sua primeira campanha presidencial em 1989. Por este motivo, o governo sírio – com uma hipotética colaboração líbia - teria ordenado a vingança contra Menem.

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