Israel deixa Ramallah, mas Bush exige retirada total

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Por Agencia Estado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, exigiu nesta quinta-feira que Israel retire imediata e totalmente suas tropas das regiões da Faixa de Gaza e Cisjordânia sob controle da Autoridade Palestina (AP). O comunicado foi feito poucas horas antes de o governo israelense ter iniciado a remoção em etapas de suas forças de Ramallah - sem mencionar outras áreas que reocupou nos últimos dias. A dura declaração de Bush coincide com a chegada, hoje, a Israel do enviado especial norte-americano ao Oriente Médio, general da reserva Anthony Zinni. Durante a noite, logo após Zinni ter participado de uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, o Exército judeu começou a retirar-se da cidade em ritmo acelerado. A operação de retirada deverá ser concluída amanhã pela manhã. No momento em que Zinni chegava a Israel, o ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer, ordenou a retirada gradual dos soldados israelenses em Ramallah, a cidade da Cisjordânia onde o líder palestino Yasser Arafat tem seu quartel general. Os tanques israelenses começaram a sair de Ramallah horas depois de Zinni e Aaron D. Miller, um especialista do Departamento de Estado dos EUA em questões do Oriente Médio, chegarem à região. Mas o governo Bush considerou insuficiente a ordem de Ben-Eliezer para a retirada parcial. "Queremos uma retirada completa dos territórios controlados pelos palestinos, incluindo Ramallah e as outras áreas em que o Exército de Israel entrou recentemente", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher. "Isso é o que queremos que façam." Sua declaração foi feita após uma exigência idêntica formulada pelos palestinos e acelerou as crescentes críticas dentro do governo norte-americano com relação às táticas de Israel em sua luta contra o "terrorismo". Boucher comentou que a remoção total criaria um ambiente melhor para que Zinni possa obter um acordo de cessar-fogo. Ele também voltou a pedir que o presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, se empenhe mais para conter os grupos que promovem atos violentos. Em sua terceira missão na região, Zinni tentará buscar um acordo entre palestinos e israelenses para pôr em prática o Planto Tenet, elaborado no ano passado com a mediação da Agência Central de Inteligência (CIA, por sua sigla em inglês). Zinni tentará mediar um cessar-fogo num momento em que a violência na região já causou a morte de dezenas de pessoas e ferimentos em centenas nos últimos 15 dias. Somente hoje foram mortos nove militantes palestinos - dois deles num ataque de helicópteros - e três soldados israelenses, numa emboscada contra um tanque na Faixa de Gaza. No dia anterior, Bush dissera que as recentes ações israelensses - a ocupação de várias cidades e campos de refugiados, envolvendo 20.000 soldados, helicópteros, tanques a aviões F-16 - não ajudam a aliviar as tensões, embora também tenha reconhecido "o direito de Israel de defender-se". Por ordem do primeiro-ministro Ariel Sharon, as tropas israelenses começaram a retirar-se hoje à noite de Ramallah - reocupada dois dias antes na maior incursão de Israel nos territórios palestinos desde 1967, e também na operação militar de maior envergadura desde a invasão do Líbano, em 1982.

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