Israel deve aprovar plano de paz

Apesar da resistência de políticos próximos a Sharon, plano deve ser ratificado pela maioria. Hoje, Cisjordânia e Faixa de Gaza foram palco de novos conflitos, com pelo menos duas mortes

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Por Agencia Estado
Atualização:

Destacados políticos israelenses, entre eles um dos de maior pretígio dentro do Partido Likud, do premier Ariel Sharon, disseram neste sábado que se opõem ao plano de paz apoiado pelos EUA que o primeiro-ministro apresentará amanhã. Mesmo assim, a expectativa é de que a maioria apoiará o plano. Uzi Landau, um ministro do Likud, qualificou hoje o "roteiro" para a paz em seu formato atual de "receita para o terror", e Gideon Saar, alto representante do partido e ex-ministro, considerou o projeto que tem apoio internacional como "o mais perigoso plano para o Oriente Médio" entre todos os que já foram apresentados. No domingo, o gabinete israelense deve debater o plano e, segundo analistas, aprová-lo - apesar das restrições feitas pelos partidos da extrema direita religiosa com representação no ministério, o Partido Religioso Nacional e o União Nacional. Conflitos - Neste sábado, Israel invadiu um acampamento palestino na Cisjordânia com 50 tanques e blindados em busca de extremistas e matou dois palestinos em incidentes na Faixa de Gaza, apenas um dia depois de Sharon ter anunciado que aceita o "roteiro" patrocinado por EUA, Rússia, União Européia e Nações Unidas. No campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia, testemunhas disseram que os soldados israelenses vistoriaram casa por casa, prendendo quatro palestinos suspeitos de terrorismo e dois americanos integrantes do pacifista Movimento Internacional de Solidariedade aos Palestinos (ISM) que, segundo fontes dos serviços de segurança israelenses, poderão ser deportados. Os voluntários do ISM se apresentam com freqüência como uma espécie de escudos humanos entre soldados israelenses e palestinos. Não há informações sobre feridos ou mortos na invasão de Tulkarem que ocorreu durante a madrugada, aparentemente em represália ao atentado suicida da semana passada em Israel que deixou dez mortos. Mas na região nordeste da Faixa de Gaza, forças israelenses trocaram tiros com militantes palestinos, também de madrugada, matando dois deles, informou um porta-voz militar israelense. O incidente ocorreu nas margens da fronteira cercada com arame farpado entre Israel e o território palestino. O anúncio de Sharon aceitando o plano de paz, se for seguido por sua aprovação pelo gabinete israelense amanhã, poderá abrir caminho para uma reunião de cúpula entre o primeiro-ministro israelense e o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas, intermediada pelo presidente americano, George W. Bush. Possivelmente em junho, no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. Abbas já disse que concorda com o texto que prevê a criação de um Estado palestino em 2005 e o congelamento dos assentamentos judaicos na Cisjordânia. Sharon aprovou, embora tenha apresentado pelo menos 15 objeções - entre as quais sua oposição ao regresso dos refugiados palestinos no exterior (mais de 3 milhões). Os EUA admitiram como válidos os temores de Sharon. Mas o secretário de Estado, Colin Powell, assegurou que não fará nenhuma alteração no texto original, que tem o aval de Moscou.

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