Israel diz que Gaza ainda está "longe" de uma crise humanitária

Autoridades israelenses negam afirmações de organizações de direitos humanos e afirmam que não há escassez de alimentos e remédios na região

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Por Agencia Estado
Atualização:

As autoridades israelenses consideram que a situação na Faixa de Gaza ainda está longe de uma crise humanitária, tal como denunciaram nos últimos dias a ANP e diversas organizações de direitos humanos, em decorrência da operação militar "Chuvas de verão" no território autônomo. "Não faltam alimentos, nem água, nem remédios, nem eletricidade, nem gasolina", afirmou sexta-feira um funcionário de alto escalão do Ministério israelense de Defesa, encarregado do abastecimento aos territórios Palestinos. Segundo a mesma fonte, que pediu para não ser identificada, a operação "Chuvas de Verão" não ameaça a população civil, já que os depósitos da Autoridade Nacional Palestina (ANP) ainda têm quantidade de recursos suficiente para as próximas duas ou três semanas. "No dia de hoje, há em Gaza 15 mil toneladas de farinha, o suficiente para três semanas; 900 toneladas de óleo, o bastante para três semanas; e 1,3 milhão de litros de gasolina, suficientes para duas semanas, talvez um pouco menos pelo maior uso de geradores elétricos", argumentou. Consultado sobre essas quantidades, o funcionário disse que a passagem fronteiriça de Karni registra a passagem de todas as mercadorias que entram, e que ali há dados dos próprios palestinos sobre o consumo, o que possibilita a Israel saber "perfeitamente a situação dos estoques palestinos". Quanto aos remédios, o funcionário mencionou um suposto documento da ANP datado de domingo no qual o Ministério responsável assegura que há estoques suficientes para um mês. Israel impôs um severo bloqueio à Faixa de Gaza no domingo passado após o seqüestro do soldado Gilad Shalit, o que levou o Governo da ANP e organizações como o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU a alertarem que a situação pode levar a uma crise humanitária de graves conseqüências. A Força Aérea israelense bombardeou nesta quarta-feira uma estação elétrica que, segundo as autoridades palestinas, deixou sem luz entre 50% e dois terços da população de Gaza. A mesma fonte israelense assegurou que essas denúncias não são verdadeiras, já que "Gaza está conectada à rede israelense por duas linhas de alta tensão que lhe fornecem cerca de 85% de seu consumo". Israel anunciou nesta sexta-feira que tentará abrir na segunda-feira a passagem de Karni, único ponto de abastecimento à faixa, mas que isso dependerá da situação de segurança no dia. "Nós entendemos perfeitamente a preocupação das organizações humanitárias e por isso não vamos deixar que os depósitos se esvaziarem para depois reabrir a passagem. Agiremos na semana que vem para permitir a entrada de combustíveis e alimentos, desde que não haja ameaças de atentado", concluiu o funcionário.

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