Israel e Emirados Árabes anunciam isenção de vistos para cidadãos de seus países

É a primeira vez que o Estado hebreu adota esse tipo de medida com um país árabe

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Por Jack Guez e AFP
Atualização:

TEL AVIV - Israel e Emirados Árabes Unidos concordaram nesta terça-feira, 20, em isentar seus cidadãos da obrigação de visto para ingressar em ambos os países. É a primeira vez que o Estado hebreu concede a um país árabe esse tipo de medida.

Uma delegação dos Emirados Árabes, liderada pelo ministro de Assuntos Financeiros, Obaid Al Tayer, e pelo ministro da Economia, Abdallah bin Tuq Al Mari, chegou a Israel para a primeira visita oficial desde o acordo de normalização das relações entre os países.

Delegados dos Emirados e de Israel assinam acordo na primeira Cúpula de Negócios Abraham Accords em Abu Dhabi, em 19 de outubro de 2020 na presença do Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. Foto: AFP PHOTO / HO / WAM

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Os participantes chegaram ao aeroporto Ben Gurion, de Tel Aviv, a bordo de um avião da companhia Etihad Airways, acompanhados pelo secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, envolvido no processo de normalização.

"Isentamos nossos cidadãos de vistos", anunciou o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ao receber a delegação no aeroporto.

"Hoje escrevemos a história que vai perdurar durante gerações", afirmou Netanyahu, ao lado de Tayer e Mnuchin. "Recordaremos este dia como um dia glorioso para a paz", completou.

Delegação dos Emirados Árabes Unidos chegou a Israel em avião da Etihad Airways. Foto: Jack Guez/ AFP

Após o discurso, representantes israelenses e dos Emirados assinaram quatro acordos sobre a isenção de vistos, proteção dos investimentos, aviação e cooperação científica.

O ministério israelense das Relações Exteriores confirmou à AFP que os cidadãos dos Emirados são os primeiros de um país árabe que podem viajar a Israel sem visto.

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Com economias abaladas pela pandemia de covid-19, os dois países esperam colher rapidamente os frutos de suas novas relações, que romperam o "consenso árabe" que apresentava como condição prévia a qualquer normalização de relações com Israel a solução do conflito israelense-palestino.

Os dois países assinaram em 15 de setembro em Washington, diante do presidente Donald Trump, o acordo de normalização. O Bahrein assinou no mesmo dia um acordo similar. Os dois Estados do Golfo são os primeiros países árabes que normalizam as relações com Israel depois do Egito (1979) e da Jordânia (1994).

Bandeiras de Estados Unidos, Israel, Emirados Árabes e Bahrein foram projetadas em Jerusalém no mês de setembro. Foto: REUTERS/ Ronen Zvulun/File Photo

O governo dos EAU ratificou na segunda-feira o pacto, validado na semana passada pelo Parlamento israelense. Os palestinos denunciaram os acordos como uma "traição".

Os acordos assinados por Emirados e Israel contribuirão para melhorar a segurança regional e "garantir a prosperidade econômica para todas as nações envolvidas", declarou na segunda-feira Mnuchin.

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No fim de agosto, um primeiro voo comercial direto viajou de Tel Aviv a Abu Dhabi, com uma delegação israelense oficial a bordo. E um primeiro voo da Etihad Airways pousou na segunda-feira em Israel para levar profissionais israelenses de turismo aos Emirados.

Emirados e Bahrein, monarquias árabes sunitas do Golfo, nunca estiveram em conflito com Israel, mas compartilham com o país uma animosidade a respeito do Irã xiita, grande inimigo dos Estados Unidos na região. Os países são aliados da Arábia Saudita, líder das monarquias do Golfo e rival regional do Irã.

A administração Trump tenta convencer outros países árabes, como Arábia Saudita e Sudão, a aceitar uma aproximação com Israel.

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Um reconhecimento de Israel por parte do reino saudita constituiria um verdadeiro ponto de inflexão no Oriente Médio. Mas as autoridades sauditas afirmam que não têm a intenção de seguir o exemplo dos Emirados e do Bahrein.

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