PUBLICIDADE

Israel e Hamas retomam negociações sobre libertação do soldado Shalit

Grupo islâmico quer trocar soldado israelense por mil prisioneiros palestinos.

Por Guila Flint
Atualização:

Netanyahu diz que Israel age continuamente pela libertação de Shalit O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e o porta-voz do Hamas na Faixa de Gaza, Mushir El Masri, confirmaram neste domingo que as negociações sobre a libertação do soldado israelense Gilad Shalit foram retomadas. De acordo com o governo israelense e com o Hamas, um representante do governo alemão que serve como mediador entre as partes se encontra na Faixa de Gaza para recomeçar as conversas sobre a soltura de Shalit. O soldado foi capturado há mais de quatro anos por militantes do Hamas, que querem trocá-lo por prisioneiros palestinos. O porta-voz do Hamas declarou que a organização "não mudou de posição e continua exigindo a libertação de prisioneiros condenados a penas longas". "Tudo depende da medida em que Israel estará disposto a flexibilizar sua posição", disse El Masri. O primeiro ministro Netanyahu afirmou que Israel "age continuamente, por vários caminhos, para reaver Gilad Shalit, e o caminho principal é por intermédio do representante alemão, que realmente foi retomado". Prisioneiros Segundo o especialista em mundo árabe da rádio estatal israelense, Eran Zinger, o mediador alemão, cuja identidade é mantida em sigilo, "não iria a Gaza se algo de novo não tivesse acontecido". As negociações sobre a troca de prisioneiros foram suspensas há mais de seis meses, quando chegaram a um impasse. As ultimas posições divulgadas pela mídia local eram de que o governo israelense se negava a libertar vários dos 450 prisioneiros palestinos que estariam envolvidos na morte de cidadãos israelenses e constavam da lista exigida pelo Hamas. Outro ponto de discordância entre as partes era o local para onde os prisioneiros poderiam ir após a libertação. O Hamas exigia que os presos libertados pudessem voltar para seus lugares de origem, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Mas o governo israelense se opunha ao retorno de prisioneiros "pesados" (envolvidos na morte de israelenses) para a Cisjordânia e propôs a deportação de alguns deles para o exterior. Para o analista da rádio estatal israelense, Yoni Ben Menahem, "seria mais fácil para o premiê Netanyahu libertar prisioneiros palestinos agora, em meio à crise no processo de paz". Assentamentos O pai do soldado, Noam Shalit, está acampado em frente à residência do premiê As negociações de paz entre israelenses e palestinos, retomadas há seis semanas, foram suspensas pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, depois que Netanyahu se negou a prolongar o congelamento da construção dos assentamentos na Cisjordânia. O prazo expirou no dia 26 de setembro e Israel já retomou as construções. Abbas afirmou que não voltará à mesa de negociações "se Israel continuar construindo nos territórios ocupados". Segundo o analista Ben Menahem, "para Netanyahu seria muito dificil fazer concessões na área da segurança (a libertação dos prisioneiros) juntamente com concessões políticas e territoriais". O soldado Gilad Shalit, que hoje tem 24 anos, foi capturado no dia 25 de junho de 2006, quando participava de uma patrulha perto da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza. Durante os três anos e meio de negociações intermediadas pelo Egito e pela Alemanha, o Hamas não concordou em alterar as suas exigências, que incluem a libertação de cerca de mil prisioneiros palestinos. Entre eles estão 450 palestinos descritos por Israel como "prisioneiros com as mãos manchadas de sangue", como, os responsáveis por atentados suicidas que mataram dezenas de civis israelenses. A familia de Shalit exige que o governo israelense "assuma a responsabilidade pela vida do soldado e pague o preço". Seus pais, Aviva e Noam Shalit, se encontram acampados em frente à residencia do premiê Netanyahu, em Jerusalem, e declararam: "não voltaremos para casa sem Gilad". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.