PUBLICIDADE

Israel e Hezbollah concordam negociar libertação de soldados israelenses, diz Annan

É a primeira vez que Israel concorda publicamente em manter contatos indiretos com a guerrilha libanesa para conseguir a libertação dos dois soldados

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, afirmou nesta segunda-feira que Israel e o Hezbollah concordaram em manter negociações indiretas para a libertação de dois soldados israelenses capturados pelos guerrilheiros. Annan disse que ele indicará um mediador para as conversas. Esta seria a primeira vez que Israel concorda publicamente em manter contatos indiretos com a guerrilha libanesa para conseguir a libertação dos dois soldados capturados em um ataque em território israelense no dia 12 de julho. O seqüestro desencadeou a ofensiva israelense de 34 dias contra o Hezbollah, até o cessar-fogo imposto por uma resolução da ONU. O Hezbollah afirmou que só iria soltar os dois israelenses como parte de uma troca por prisioneiros árabes mantidos por Israel, e tem repetido que está pronto pra a mediação em busca da troca. Israel insistia em querer uma libertação incondicional dos dois soldados. Annan disse em coletiva de imprensa em Jiddah, na Arábia Saudita, que os dois lados concordaram em negociar a questão dos soldados, de acordo com a tradução árabe de seus comentários. O secretário-geral da ONU afirmou que irá indicar um mediador que deve agir secretamente para facilitar o acordo entre os dois lados. Annan não especificou se o mediador se centraria em propostas de troca de prisioneiros. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores israelense, Mark Regev, e o porta-voz do Hezbollah, Hussein Rahal, se recusaram a comentar a declaração. O porta-voz de Annan, Ahmed Fawzi, disse que tanto Israel quanto o Hezbollah haviam pedido ao chefe da ONU que mediasse a questão dos prisioneiros. "O secretário-geral aceitou desempenhar um papel-chave como mediador na questão dos soldados seqüestrados", disse Fawzi à agência de notícias Associated Press A declaração sobre a missão de mediação aconteceu após encontro de Annan com o rei Abdullah, da Arábia Saudita, no porto de Jiddah, Mar Vermelho. Esta é a última parada do chefe da ONU em sua viagem de onze dias pelo Oriente Médio, que teve como objetivo fazer com que todos os lados implementem e apóiem a resolução que demandou o cessar-fogo. A resolução das Nações Unidas pede pela libertação dos dois soldados israelenses, e Israel frisou que a liberdade dos dois soldados é crucial para a manutenção do cessar-fogo. Ao mesmo tempo, o país tem recuado na sua recusa em negociar uma troca, em razão da crescente pressão pública. Hezbollah e Israel já realizaram trocas de prisioneiros no passado. A Arábia Saudita é um país-chave na questão do Líbano, onde os soldados da força de paz começam a chegar para monitorar o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. A Arábia Saudita conseguiu US$ 1,5 bilhão em ajuda para a reconstrução do Líbano, e um Teleton organizado pelo govenro conseguiu a soma de US$29 milhões. Como terra natal do Islã, e maior produtor de petróleo do mundo, o reino desfruta de vastos poderes religiosos e políticos no Oriente Médio. Plano de paz O jornal Okaz afirmou que Annan deve "ouvir uma versão moderada do plano de paz para a região" durante sua passagem pelo país. Segundo o diário, o secretário terá uma prévia dos esforços para retomar uma inciativa de paz que a Arábia Saudita lançou em 2002. O plano pede a paz entre Israel e as nações árabes desde que o Estado judeu abra mão das Colinas de Golã e outras terras tomadas durante guerras. A Liga Árabe aprovou o plano, mas Israel afirma que a saída de territórios tomados até 1967 poderia colocar a segurança do país em risco. A Arábia Saudita, o Egito e a Jordânia recentemente tomaram a liderança de um novo esforço árabe para implementar o plano saudita. Annan, em sua viagem de onze dias pelo Oriente Médio, já passou pelo Líbano, Israel, Síria, Irã, Jordânia e Qatar. Suas próximas paradas incluem o Egito e a Turquia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.