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Israel explode QG de Arafat em Hebron

Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército israelense destruiu nesta sexta-feira à noite com explosivos o edifício de quatro andares da sede da Autoridade Palestina (AP) em Hebron, conhecido como Muqata e que desde quarta-feira estava sitiado por suas tropas. Pelo menos 15 palestinos podem ter morrido no ataque. Vizinhos palestinos disseram que, depois de duas violentas explosões, o prédio virou um monte de ruínas. "O chamado ´quartel-general´ não existe mais", afirmou um deles, Mohammed Maswadeh, à Associated Press, por telefone. Ele comparou a segunda explosão a um terremoto, acrescentando: "Eu nunca tinha visto uma explosão como essa." Até o fim da madrugada local, não havia informações sobre o destino de 15 palestinos que estariam no prédio. Segundo os militares de Israel, esse era o número de militantes armados da Tanzin que se haviam refugiado no complexo da AP depois que as tropas e tanques entraram na cidade na terça-feira e impuseram toque de recolher à população. Inicialmente, a informação era que eles integravam as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Os dois grupos são vinculados à Fatah - facção a que pertence a maior parte dos líderes da AP, inclusive seu presidente, Yasser Arafat - e são acusados por Israel de envolvimento em atentados contra seus cidadãos. Depois de sucessivos ataques de helicópteros com mísseis e tanques, o Exército espalhou explosivos em vários pontos da Muqata e intimou os militantes palestinos a se renderem. Antes de detonarem os explosivos, os militares concordaram com a entrada no local de um ex-ministro palestino, Talal Sidr, para mediar um acordo de rendição. Ao sair, menos de uma hora depois, Sidr disse não ter encontrado ninguém e levantou a possibilidade de que estivessem escondidos em áreas em que não conseguiu entrar. "Entrei no quartel-general e fui em vários lugares", relatou. "A situação é extremamente difícil - muitos danos em muitos locais. Não vi ninguém, mas isso não significa que não exista ninguém lá dentro porque existem lugares muito danificados nos quais não consegui entrar." Porta-vozes dos israelenses disseram haver "atividade" no interior da Muqata e que tinham certeza de que os ativistas estavam lá. Houve tiroteios entre eles e soldados. À noite, o Exército fez a primeira detonação e, na madrugada deste sábado (pelo horário local), a segunda. A campanha sem data para terminar, provocada por dois atentados suicidas à bomba que mataram 26 israelenses, começou 10 dias atrás. Segundo o ministro da Defesa de Israel, pelo menos 20 palestinos que se haviam rendido mostraram aos militares onde estavam "fábricas de explosivos". Essas informações não puderam ser confirmadas porque somente nesta sexta o Exército retirou a proibição de que jornalistas entrassem em seis das sete cidades sob seu controle na Cisjordânia. Inicialmente, a porta-voz do Exército disse que os correspondentes "poderiam ir a qualquer lugar na Cisjordânia" nesta sexta, mas anunciou mais tarde que Hebron permaneceria fechada à imprensa "por causa das operações em andamento". Israel alega razões de segurança para impedir o acesso. Alguns jornalistas se arriscaram e conseguiram furar o cerco, usando estradas secundárias e atravessando áreas rurais. Também nesta sexta, um tribunal militar de Israel sentenciou à prisão perpétua um palestino de 16 anos do grupo militante Hamas por tentar detonar explosivos que carregava em fevereiro ao ser confrontado por policiais israelenses. Foi a primeira vez que um palestino que tentava promover um ataque suicida à bomba foi julgado em Israel. O artefato não explodiu quando o adolescente, cujo nome não foi divulgado, apertou um botão e puxou um cordão. Israel ocupa atualmente sete das oito maiores cidades palestinas da Cisjordânia. O Exército israelense decidiu nesta sexta permitir que jornalistas, banidos das cidades ocupadas por 10 dias, entrassem em seis delas. Jornalistas ainda não podem ir a Hebron devido à operação militar em curso, justificou o Exército. A Autoridade Palestina divulgou nesta sexta um comunicado condenando as incursões israelenses em áreas palestinas, que seriam "uma tentativa de sabotar esforços de paz". Ainda nesta sexta-feira, na Faixa de Gaza, o líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, uniu-se a mais de mil palestinos em uma manifestação, em sua primeira aparição em público desde que agentes de segurança palestinos disseram há seis dias que ele deveria cumprir uma ordem de prisão domiciliar. Policiais palestinos monitoraram a manifestação, mas não tentaram prender Yassin, cujo grupo assumiu a responsabilidade por diversos atentados contra israelenses. Yassin disse desconhecer qualquer ordem de prisão domiciliar contra ele e concluiu: "É por isso que estou aqui hoje." Na cidade cisjordaniana de Nablus, também nesta sexta-feira, cerca de 40 ativistas estrangeiros aliados ao Movimento Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino e 60 moradores locais realizaram uma passeata para violar um toque de recolher imposto por Israel. Eles seguiram de um mercado até o centro da cidade levando faixas nas quais se lia "Retirem-se do território palestino" e gritavam frases de ordem. Soldados israelenses acompanharam a manifestação, mas não intervieram.

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