Israel fecha fronteiras com Cisjordânia e Gaza durante feriado judaico

A previsão de reabertura ficou para domingo à noite, fim do feriado de ano novo judaico

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Por Agencia Estado
Atualização:

Forças de Israel fecharam as passagens para Cisjordânia e Gaza, reforçando a segurança dentro do Estado judeu durante o feriado do ano-novo, informou o jornal Haaretz. A previsão de reabertura ficou para domingo à noite, fim do feriado. O objetivo da medida de segurança é impedir que atentados terroristas sejam perpetrados durante a data sagrada. Por isso, paralelamente ao fechamento das fronteiras, um alerta de alto nível para ataques não especificados foi imposto. Segundo o Haaretz, as Forças de Defesa de Israel abrirão exceção para movimentações de caráter humanitário e permitirão que trabalhadores de serviços de saúde, professores e advogados cruzarem a fronteira. Milhares de soldados se posicionaram em diversos locais das grandes cidades, principalmente ao redor de cemitérios e sinagogas. Os israelenses iniciaram nesta sexta-feira às celebrações do Rosh Hashana, o ano-novo judaico, abalados pela inconclusiva guerra travada com o grupo guerrilheiro pró-iraniano Hezbollah no Líbano, enfurecidos com seus líderes e obrigados a conviver com os efeitos do crescente abismo que separa os ricos dos pobres no país. Era fácil captar o clima de insatisfação e incômodo no mercado de rua de Mahane Yehuda, em Jerusalém, onde clientes de última hora compravam a comida que seria servida durante o feriado de dois dias, durante o qual os judeus tradicionalmente fazem um balanço de suas vidas e decidem como pretendem agir dali em diante. Na banca de frutas e vegetais de Gideon Cohen, o item mais procurado era a romã, tradicionalmente consumida no feriado de Rosh Hashana porque suas numerosas sementes evocam as muitas virtudes que a pessoa que a come pretende incorporar no ano seguinte. Cohen diz que consegue medir o grau de prosperidade do país de acordo com o número de romãs que vende nessa época do ano. E os números de 2006 não são nada animadores. Em 2005, o quilograma de romã custava oito shekels na época do Rosh Hashana. Este ano, porém, ele foi obrigado a reduzir o preço pela metade. E, mesmo a quatro shekels por kg, suas vendas de romã continuam em baixa. Os alertas sobre possíveis atentados estão afastando as pessoas, mas a situação econômica do país, para Cohen, é a principal culpada. "As pessoas simplesmente estão sem dinheiro no momento", comentou. Dados divulgados pelo governo pouco antes do feriado mostram que, apesar da melhora geral da economia no ano passado, 25% dos israelenses vivem atualmente abaixo da linha da pobreza. Gideon On, um açougueiro de 48 anos, vende cabeças de carneiro, consumidas por alguns judeus oriundos do Oriente Médio como a representação literal do desejo de Rosh Hashana de que o povo judeu "seja a cabeça, não o rabo" - líderes, não seguidores. O desejo é também vinculado ao nome do feriado, que numa tradução literal seria "a cabeça do ano". On disse ter vendido dezenas de cabeças esta semana ao preço de 50 shekels cada. Os dois filho de On lutaram na guerra de um mês no Líbano contra a guerrilha do Hezbollah que resultou na morte de 120 soldados israelenses e 39 civis. Seus filhos, como muitos outros reservistas, voltaram revoltados para casa, acreditando que o Exército estava despreparado e a liderança política, confusa. "Eles levaram nossos filhos para o exército, e eles caíram como moscas", comparou On. "Temos um bom exército, mas ele não tem os líderes que merece". Esse sentimento é amplamente compartilhado no país. No início da guerra, 70% apoiavam o primeiro-ministro Ehud Olmert. Em uma sondagem divulgada na quinta-feira, o índice de aprovação do premier caiu para 22%, enquanto o do ministro da Defesa, Amir Peretz, ficou em apenas 14%. Outra pesquisa mostrou que só 7% dos israelenses acham que Olmert está à altura do cargo. Em cima de tudo isso, uma série de escândalos tem perseguido os principais líderes do país, desde Olmert, suspeito de irregularidades na compra de sua casa em Jerusalém, até o presidente Moshe Katsav, acusado por oito mulheres de tê-las assediado sexualmente. Mas, ainda assim, uma outra pesquisa mostrou que 88% dos israelenses acham que o país deles é um bom lugar para se viver.um bom lugar para se viver.

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