Israel invade quartel-general de Arafat

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Por Agencia Estado
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No início de uma incursão militar de grande escala que colocou a região à beira de uma guerra total, tropas israelenses entraram em Ramallah, na Cisjordânia, e ocuparam o quartel do líder palestino Yasser Arafat. Arafat está sitiado no prédio e disse estar disposto a tornar-se um "mártir". Ao todo, morreram hoje em Ramallah cinco palestinos - entre os quais uma moça de 22 anos e um homem de 60 que estavam na rua - e um soldado israelense. Ficaram feridos 25 palestinos e 60 foram presos. Os militares israelenses passaram de uma dependência a outra abrindo buracos nas paredes, chegando cada vez mais perto de Arafat. Eles cortaram a luz e as linhas telefônicas do complexo. A ação foi definida por Israel como "uma guerra sem reservas para extirpar o terrorismo", um dia depois de a Cúpula Árabe ter aprovado um novo plano de paz para a região. O Exército israelense convocou mais 20 mil reservistas, a maior chamada em uma década. "A situação está cada vez mais difícil. Os israelenses estão disparando contra as janelas do escritório de Arafat", disse o ministro de Informação palestino, Abed Rabbo. Segundo a TV al-Jazira, os soldados israelenses estão "a poucos metros" de Arafat. A CNN disse que os palestinos responderam ao ataque com tiros. Segundo fontes palestinas, Arafat foi transferido por seus guarda-costas a um abrigo subterrâneo em Ramallah. A decisão foi tomada logo após os tanques israelenses abrirem fogo contra o prédio onde fica o escritório do presidente palestino. As fontes também disseram que o exército de Israel demoliu três edifícios próximos que também abrigavam escitórios da Autoridade Nacional Palestina. O ataque ao quartel de Arafat começou quando uma escavadora blindada abriu um buraco na parede do complexo de escritórios do presidente palestino e os tanques israelenses dispararam contra o prédios. Arafat estava no interior do prédio mas não foi atingido. Atiradores do exército de Israel ocuparam os telhados de edifícios vizinhos e houve intensa troca de tiros. "A agressão é uma loucura israelense em resposta ao plano árabe de paz", disse Arafat. "Quero ser um mártir", exclamou o líder palestino a uma emissora de televisão quando estava sob o fogo israelense. O premier de Israel, Arial Sharon, disse que Arafat deve ser "ilhado", depois de responsabilizá-lo pelos últimos atentados. O principal negociador palestino, Saeb Erekat, disse à agência de notícias Ansa que Sharon está destruindo o processo de paz na região e disse temer que se produzam muitos mortos nos territórios. A ofensiva israelense foi duramente criticada por dirigentes da esquerda de Israel. O movimento islâmico palestino Hamas "está disposto a enviar seus comatentes para defender Yasser Arafat" disse um dos dirigentes do grupo, Ismail Abu Shanab, falando por telefone com a TV al-Jazira. Shanab afirmou que "neste momento o Hamas deixou de lado todas as divergências com a Autoridade Palestina e Arafat converteu-se no símbolo da resistência" palestina. Poucas horas depois do início da nova ofensiva israelense, uma bomba de grande potência estourou em um supermercado em Jerusalém, no bairro de Kiryat Yovel, em Jerusalém Ocidental, e matou dois israelenses e a militante suicida que o promoveu e feriu 20 pessoas, segundo fontes da Cruz Vermelha. O atentato foi realizado por uma palestina de 18 anos quando várias pessoas faziam compras antes de começar o descanso sabático. Segundo a TV al-Jazira, o ataque foi reivindicado pelas Brigadas Mártires de Al-Aqsa, grupo radical ligado ao movimento al-Fatah de Yasser Arafat. O exército israelense perseguiu e matou o palestino que durante a madrugada disparou contra a colônia judaica de Netzarin, em Gaza, matando dois colonos judeus.

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