Israel investiga falha em ataque de Beit Hanoun

Comissão militar acredita que o desvio de pelo menos dois projéteis ocorreu por causa de um cálculo errado do radar ou do sistema de tiro do canhão

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A investigação do Exército israelense sobre o massacre ocorrido nesta quarta-feira na cidade palestina de Beit Hanoun tem como foco principal a possibilidade de erro humano ou falha técnica nos sistemas eletrônicos do canhão. A comissão militar que investiga os fatos acredita que o desvio de pelo menos dois projéteis ocorreu por causa de um cálculo errado do radar ou do sistema de tiro do canhão, ambos operados de forma manual, informa nesta quinta-feira o jornal Ha´aretz. Ao menos dois projéteis de 155 milímetros caíram em um edifício residencial em Beit Hanoun na quarta-feira e mataram pelo menos 18 pessoas, a maioria mulheres e crianças de uma mesma família, além de ter deixado outros 30 gravemente feridos. Os projéteis se desviaram de 450 a 500 metros do alvo, por razões ainda desconhecidas. Segundo o jornal, as conclusões do relatório preliminar serão apresentadas hoje ao ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, e ao chefe do Exército, o general Dan Halutz. Na quarta-feira, após o incidente, Peretz ordenou que o Exército israelense suspendesse os ataques da artilharia contra Gaza, até que as razões do incidente sejam esclarecidas. O jornal informa que a investigação revelou, por enquanto, que às 16h de terça-feira quatro foguetes Qassam foram lançados contra a cidade israelense de Ashkelon a partir de uma pequena floresta ao norte de Beit Hanoun. Na mesma noite, o Exército de Israel soube que as milícias do movimento islâmico Hamas lançariam mais foguetes na manhã seguinte a partir do mesmo local, situado fora do campo visual dos vigias israelenses ao longo da fronteira com os territórios palestinos. As tropas de artilharia receberam ordens de se preparar para bombardear o local, com a esperança de dissuadir os milicianos de se aproximar da região, e na mesma noite prepararam seus canhões, com dois ou três tiros de teste. Às 5h30 da madrugada de quarta-feira, começou o bombardeio com 12 projéteis que deviam cair a 1.200 metros das casas, em Beit Hanoun. Quinze minutos depois, outros 12 projéteis foram programados para atingir o local a 450 metros das residências, todos eles com o mesmo canhão para ter mais precisão. A margem de segurança nos bombardeios da artilharia é de 200 a 300 metros. O radar localizou apenas dez impactos do segundo conjunto de 12 foguetes lançados. Minutos depois, chegaram ao Exército israelense as primeiras informações sobre vítimas civis em Beit Hanoun. O Exército está investigando também se apenas dois foguetes caíram no edifício palestino, já que, após ver as imagens do incidente na televisão, seus especialistas consideram que a destruição causada parece ter sido causada por um número maior de Projéteis. O general-de-brigada da reserva Zvi Fogel, do Corpo de Artilharia, explica que um erro de 450 metros como o de quarta-feira representa um ângulo de 3 graus no canhão, imperceptível ao olho humano. Por isso, aparentemente houve erro em algum dos sistemas eletrônicos do canhão. Grupos de direitos humanos expressaram suas reservas em relação aos resultados da investigação da comissão militar porque, como sustentam, é comandada pelo mesmo oficial que dirigiu a apuração de um bombardeio que matou uma família palestina em uma praia de Beit Lahia, em junho. O oficial mencionado, Meir Kalifi, concluiu que a explosão não ocorreu por causa da artilharia israelense, mas devido a uma bomba colocada por milicianos do Hamas para impedir um possível desembarque de comandos israelenses, explicação rejeitada por órgãos internacionais independentes e pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). Neste caso, o Exército israelense não se esquivou das responsabilidades e reconhece que o massacre de pelo menos 18 civis foi devido a um erro e, por isso, está investigando apenas como ocorreu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.