Israel lamenta ter matado quatro civis palestinos

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Por Agencia Estado
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Israel lamentou nesta quinta-feira a morte de quatro civis palestinos num ataque do Exército - um incidente que ameaça o processo que tenta reduzir as tensões em Gaza. A necessidade de avanços foi reforçada por um documento da Organização das Nações Unidas segundo o qual os palestinos sofrem privações econômicas cada vez piores e a ameaça de desnutrição e epidemias como resultado de dois anos de confrontos entre israelenses e palestinos. A violência prosseguiu nesta quinta-feira. Em Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito, soldados israelenses assassinaram um garoto palestino de 12 anos quando crianças atiravam pedras e garrafas contra tanques que derrubavam prédios, denunciaram moradores. O Exército de Israel informou ter encontrado um túnel utilizado para o tráfico de armas através da fronteira. O túnel foi encontrado numa casa que foi demolida por soldados, disse um comunicado militar. Durante a operação, palestinos teriam atacado com fuzis, granadas de mão, bombas de gasolina e pedras e os soldados revidaram, segundo o Exército judeu. Na cidade cisjordaniana de Nablus, forças israelenses invadiram a sede local da Autoridade Palestina e detonaram explosivos, disse uma testemunha. Moradores contaram ter ouvido uma forte explosão, que repercutiu por toda a cidade. Segundo testemunhas, parte da fortaleza de três andares foi destruída, inclusive o gabinete do governador, Mahmoud Aloul, que não estava no local no momento da ação. Não há informações sobre vítimas. Aloul comentou que não havia explosivos nem armas lá dentro. Ele disse à que a operação israelense "é uma prova da agressão de Israel contra a Autoridade Palestina e seu povo". O Exército israelense preferiu não se manifestar sobre o episódio. Em 18 de agosto, israelenses e palestinos concordaram com um plano segundo o qual a responsabilidade pela segurança em parte de Gaza e na cidade cisjordaniana de Belém será transferida aos palestinos. Se a experiência funcionasse, os palestinos voltariam a cuidar da segurança em toda a Faixa de Gaza e toda a Cisjordânia. A segurança de Belém foi transferida dois dias depois, mas em Gaza tudo continua como antes. Em jogo está o fim da ocupação israelenses de seis das oito grandes cidades palestinas da Cisjordânia. Israel enviou soldados na segunda metade de junho, após dois atentados suicidas em Jerusalém, endurecendo mais as restrições que arrasaram a economia palestina. Israel alega que os bloqueios rodoviários, toques de recolher e restrições ao direito de ir e vir são "necessários para manter os militantes suicidas fora do país". As negociações para o acordo em Gaza já estavam paralisadas antes de Israel atacar um acampamento beduíno em Gaza na madrugada de hoje. Uma mãe, dois de seus filhos e um sobrinho morreram no ataque. Palestinos furiosos acusam Israel de tentar sabotar os esforços de paz. Militantes extremistas prometeram vingança. O Estado judeu defendeu a ação ao mesmo tempo em que manifestou lamentação. O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer ordenou uma investigação. "Lamento profundamente o que aconteceu, mas vocês precisam entender que nossas forças estão envolvidas numa situação de guerra", disse. Por meio de um comunicado, o Exército de Israel diz que os soldados abriram fogo contra "figuras suspeitas" que estariam rastejando na direção de uma guarita militar israelense. Segundo o comunicado, uma investigação inicial mostra sinais de que pessoas teriam rastejado ali perto e também sinais de telefone celular. "O Exército israelense lamenta as mortes de civis inocentes", disse. Os palestinos rejeitam a explicação israelense e acusam os tanques do Exército de terem mirado as armas às duas únicas estruturas deixadas em pé no acampamento Xeque Ajlin depois de soldados israelenses terem "limpado a área" em operações anteriores para proteger o assentamento judaico de Netzarim. O líder palestino Yasser Arafat acusou Israel de tentar sabotar os esforços com vistas a um cessar-fogo. "É um crime imperdoável com a intenção de retardar os esforços de paz", denunciou. O grupo militante Hamas jurou vingança. "Retaliaremos contra os criminosos, civis e não-civis", disse Mahmou Zahar, porta-voz do Hamas. Segundo ele, o braço militar do grupo "fará o melhor que puder para retaliar da maneira adequada para interromper as mortes no lado palestino". Um relatório preliminar da ONU detalhou como os quase dois anos de conflito estão prejudicando a população local. Segundo a entidade, 70% dos moradores de Gaza e 55% dos habitantes da Cisjordânia vivem abaixo da linha da pobreza, o que, para a ONU, significa viver com menos de US$ 2 por dia.

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