Israel marca posse de Obama com retirada

Autoridade Palestina convida Hamas para governo de união

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Por Gustavo Chacra
Atualização:

Israel deve completar hoje, dia da posse do presidente eleito Barack Obama, a retirada de suas tropas da Faixa de Gaza. Com o cessar-fogo sendo respeitado pelos israelenses e pelo Hamas, o presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah, Mahmud Abbas, convidou o grupo islâmico para um governo de união nacional, mas ainda não obteve resposta formal. A desocupação israelense ocorre rapidamente, deixando para trás um território arrasado em mais de três semanas de bombardeios e duas de ataque terrestre, que deixaram cerca de 1.300 palestinos mortos e mais de 5 mil feridos. Moradores retornam para suas casas, muitas vezes destruídas. Corpos ainda são retirados dos escombros. O lixo está acumulado e o temor é o de que crianças sem querer detonem bombas que ainda não explodiram. Apesar de ter sido duramente golpeado no conflito, sem conseguir provocar estragos do lado israelense, o Hamas manteve uma posição belicosa um dia depois de decretar a trégua. "Podem fazer o quiser. Mas continuaremos fabricando nossas armas sagradas. Nós sabemos como e onde conseguir armamento", afirmou um porta-voz do grupo islâmico, acrescentando que a organização voltará a atacar se as tropas de Israel não saírem em até uma semana. Os israelenses afirmam que a retirada não está relacionada com as pressões do Hamas. Autoridades de segurança disseram que, apesar da desocupação, as forças de Israel responderão a ataques do grupo. No Kuwait, o presidente da Autoridade Palestina convidou o Hamas para formar um governo de coalizão. Caso o grupo aceite, a União Europeia deve levantar as sanções impostas ao grupo palestino, de acordo com uma rede de TV francesa, citando funcionários próximos ao presidente Nicolas Sarkozy. A organização islâmica não respondeu ao convite. O mandato de Abbas terminou na semana passada, mas foi prorrogado por mais um ano. O Hamas afirmou que não reconhece mais a autoridade do atual presidente. Abbas sugeriu que, com a formação de um governo de união nacional, eleições parlamentares e presidenciais poderiam ocorrer simultaneamente em janeiro do ano que vem. Analistas divergem sobre o enfraquecimento do Hamas após o conflito. Tampouco se sabe como está o apoio ao Fatah. A última pesquisa foi realizada em agosto, bem antes do atual conflito. O grupo de Abbas é considerado mais moderado e mantém diálogo com os israelenses. Durante a guerra em Gaza, a polícia da Cisjordânia, controlada pelo Fatah, chegou a coibir algumas manifestações em apoio ao Hamas. Em advertência a Israel, o rei Abdula, da Arábia Saudita, afirmou que a proposta de paz feita pelos países árabes não ficará na mesa para sempre. O plano de paz, apresentado pela primeira vez em 2002, exige que Israel se retire de todos os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967 - Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e Colinas do Golan -, em troca do reconhecimento do país por todos os Estados árabes. BRASIL SAÚDA TRÉGUA Em Brasília, os chanceleres do Brasil, Celso Amorim, e da China, Yang Jiechi, saudaram em uma declaração conjunta o anúncio de cessar-fogo em Gaza e pediram respeito às resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

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