Israel mata 11 em campo de refugiados palestinos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Numa grande operação, tropas israelenses invadiram nesta quinta-feira pela primeira vez no atual conflito do Oriente Médio campos de refugiados da Cisjordânia, com o apoio de pára-quedistas, tanques e helicópteros de combate numa missão para eliminar bastiões de militantes palestinos. Pelo menos 11 palestinos e um soldado israelense foram mortos nos intensos combates, que tiveram início antes do amanhecer e estenderam-se por todo o dia em dois campos de refugiados superpovoados, um nas proximidades de Nablus e o outro nos arredores de Jenin, cidades palestinas distantes menos de 30 km uma da outra. Um décimo-segundo palestino foi morto a tiros em um tiroteio entre tropas israelenses e militantes em vilas ao sul de Jerusalém. Até a noite de hoje, grande número de militares israelenses capturaram diversos prédios e casas, e promoviam buscas de residência em residência no campo de Balata, apesar de não haver sinais de que os militantes palestinos estivessem dispostos a se render. Ao todo, cerca de 100 palestinos ficaram feridos. "O campo está efetivamente sob controle (israelense)", anunciou o coronel Avi Cohavi, chefe da brigada de pára-quedistas executando a operação. "Ele está completamente cercado e estamos na posição de comando". Os fortes combates ocorrem um dia depois de a Arábia Saudita ter apresentado a nova iniciativa de paz nas Nações Unidas. Pela proposta, o mundo árabe faria a paz com Israel em troca da retirada israelense de todos os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, de 1967. Mas o contínuo derramamento de sangue tem sabotado repetidas tentativas internacionais de negociar um cessar-fogo, e a amplitude da ação israelense sugere que o governo do primeiro-ministro Ariel Sharon pretende dar um duro golpe nos militantes palestinos. Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que o presidente George W. Bush respeita o direito de Israel de se defender, mas estava "particularmente preocupado" com a ação nos campos de refugiados. "Todo esforço deve ser feito para evitar que civis sejam feridos", ponderou. Fontes de segurança israelenses, exigindo anonimato, afirmaram que quatro recentes ataques palestinos foram planejados por líderes da milícia Brigadas Al Aqsa no campo de Balata, onde também se acredita existir um grande arsenal de armas. Nasser Awais, um líder das Brigadas Al Aqsa, vinculada ao movimento Fatah, do líder palestino Yasser Arafat, estava cercado no campo com centenas de militantes. Falando por telefone no início da operação israelense, ele disse que as "tropas de Israel só vão entrar no campo por cima de nossos cadáveres". Enquanto isso, Ahmed Abdel Rahman, um assessor de Arafat, acusava Israel de tentar destruir todas as esperanças de paz. Interrogado sobre se os campos atacados por Israel eram bastiões de militantes, Abdel Rahman respondeu: "Não podemos evitar que palestinos se defendam e a sua terra enquanto existir ocupação". Israel garante que atacantes suicidas e atiradores palestinos vêm de Nablus e Jenin, e particularmente dos campos de refugiados. E oficiais israelenses - como também alguns palestinos - afirmam que a Autoridade Palestina tem controle limitado sobre Balata. "Só estamos interessados numa coisa, parar e romper esta onda de ataques suicidas", disse o ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer. Ele não quis informar quanto tempo durará a operação, mas adiantou: "Não pretendemos ficar lá. Pretendemos entrar e sair". Com os confrontos de hoje, subiu para 1.009 o número de mortos entre os palestinos. Do lado israelense, 288 pessoas já moram mortas desde que a violência teve início em setembro de 2000.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.