Israel mata cinco policiais palestinos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Palestinos afirmam que 22 policiais retiraram suas roupas e ficaram apenas com as roupas de baixo, depuseram suas armas e andaram até a frente de um prédio na Rua Rádio para se renderem, quando soldados israelenses abriram fogo, matando cinco deles. O Exército de Israel afirma ter invadido o prédio e matado a tiros um terrorista com um cinto de explosivos, e então matado vários outros homens procurados. Os disparos nas proximidades da principal praça de Ramallah marcaram o segundo incidente seguido em que cinco policiais palestinos foram mortos a tiros em circunstâncias pouco claras desde que tropas e blindados israelenses entraram na semana passada na cidade palestina. Israel garante que a invasão está erradicando o terrorismo, e eles estão sistematicamente promovendo buscas em prédios e casas à caça de suspeitos. Mas os palestinos afirmam que as tropas estão atirando indiscriminadamente, e têm matado pessoas que não oferecem resistência. O grupo de policiais vivia e trabalhava no prédio depois que seus escritórios foram danificados por ataques militares israelenses, e se viu cercado na sexta-feira por dezenas de blindados israelenses posicionados na praça central, a poucas centenas de metros de distância. Em inferioridade, os policiais não tentaram desafiar os soldados, e tentaram passar despercebidos no apartamento até domingo, quando acabaram a água e a comida. Neste momento, um policial gritou para os soldados na rua, dizendo que eles queriam se render, segundo um dos policiais, que se identificou apenas como Omar. Ele foi contactado pela Associated Press por telefone celular na noite de domingo depois do incidente. Os soldados ordenaram que os policiais ficassem apenas com as roupas de baixo, colocassem as armas no chão na frente do prédio e então pusessem as mãos nas cabeças, afirmou Omar. Por volta das 17 horas de domingo, desceram as escadas e fizeram o ordenado, mas quando os primeiros policiais saíram pela porta da frente e para a viela, os soldados israelenses dispararam contra eles, denunciou Omar. "Colocamos nossas armas na porta da frente e começamos a sair quando os israelenses dispararam contra nós", disse. Três policiais morreram no local, afirmou ele, cujo relato foi corroborado por duas testemunhas, que vivem no outro lado da viela. "Vi os corpos dos homens logo depois que eles foram alvejados e eles estavam com as roupas de baixo", disse uma delas, Amna Remawe. Além dos três mortos, vários outros policiais foram atingidos, e o grupo voltou correndo para o prédio e subiu as escadas, se abrigando nos apartamentos. Várias ambulâncias palestinas foram enviadas ao local, mas tropas israelenses não permitiram sua passagem, disse o médico Mustafa Barghouti, chefe dos Serviços de Atendimento Médico Palestinos. Dois dos policiais feridos morreram antes que as ambulâncias tivessem permissão de atendê-los, por volta das 3h30 de hoje, quando os cinco corpos foram resgatados, segundo Barghouti. Soldados israelenses entraram no prédio em busca dos policiais arrombando portas e destruindo completamente apartamentos. No fim, os 17 policiais restantes se entregaram aos soldados israelenses por volta das 4 da manhã de hoje. Num comunicado, o Exército de Israel afirmou que "homens procurados" estavam no prédio e um deles, vestindo uma cinta de explosivos, abriu fogo contra os soldados. Os israelenses perseguiram-no até o teto do prédio e o mataram a tiros, segundo o Exército. Os soldado então entraram em combate contra "um grande número de terroristas procurados" que se recusavam a se render, garante o comunicado. O incidente ocorreu dois dias depois que outros cinco policiais palestinos foram mortos com tiros na cabeça e na nuca numa pequena sala sem janelas do prédio do Conselho Britânico no centro de Ramallah. Autoridades palestinas não conseguiram chegar ao local devido à ocupação militar israelense, mas sugerem que os cinco foram executados sem oferecer resistência. Israel afirmou que ele foram mortos num "tiroteio".

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