Israel mata suposto militante; Suprema Corte endossa demolições

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Por Agencia Estado
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Tropas israelenses mataram o suposto mentor de um atentado suicida à bomba em Tel Aviv, três semanas depois de terem demolido a casa da família dele, numa controvertida política que ganhou o apoio da Suprema Corte de Israel, nesta terça-feira. Em outra iniciativa para conter potenciais atacantes, o ministro do Interior do Estado ameaçou revogar a cidadania de árabes-israelenses envolvidos em ataques contra israelenses. Apesar das políticas de linha dura, israelenses e palestinos pareciam estar tentando trabalhar propostas de cessar-fogo que poderiam levar à retirada das tropas de Israel de algumas áreas palestinas. O ministro da Defesa israelense, Binyamin Ben-Eliezer, reuniu-se na noite de segunda-feira com o ministro do Interior palestino, Abdel Razak Yehiyeh, e novas conversações foram programadas. Yehiyeh e outras altas autoridades palestinas devem partir amanhã para conversações em Washington com o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell. Enquanto isso, os Estados Unidos consideravam a hipótese de mudar seu consulado da tradicionalmente árabe Jerusalém Oriental, devido a preocupações com a segurança. O Consulado dos Estados Unidos em Jerusalém Oriental atende à população palestina em Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Um segundo consulado americano está localizado na parte ocidental da cidade. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como sua futura capital. Autoridades palestinas avaliaram que a mudança do consulado significaria que os Estados Unidos estão ficando ao lado de Israel em sua reivindicação de toda a cidade. Aversão No Egito, o presidente Hosni Mubarak reclamou que o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, não tem um plano de paz e sugeriu que ele tem sido motivado por sua forte aversão ao líder palestino Yasser Arafat. "Sharon odeia Arafat. E daí? Arafat também não gosta de Sharon", disse Mubarak. "Deveriam israelenses e palestinos pagarem com suas vidas por esse ódio mútuo? Especialmente vocês (os israelenses), o lado forte, têm de encontrar uma forma de se seguir em frente e pôr um fim ao desentendimento entre Sharon e Arafat. Arafat, digo a vocês, não é a questão. Negociações podem ser promovidas sem os líderes", afirmou. Mubarak fez estas declarações - incomuns, por sua franqueza - a repórteres israelenses que registravam seu encontro, na segunda-feira, com o ministro de Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres. As afirmações foram publicadas hoje em jornais israelenses. Assessores de Sharon não quiseram fazer comentários. Peres disse que Mubarak havia expressado posições muito mais moderadas durante o encontro. Hoje, israelenses assassinaram um miliciano procurado e um outro num tiroteio na cidade de Jenin, na Cisjordânia, que envolveu veículos blindados e helicópteros. Os dois homens eram integrantes das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, uma milícia associada ao movimento político Fatah, de Arafat. Um deles era Ali Ajouri, 23 anos, acusado por Israel de ter enviado dois atacantes suicidas que provocaram uma explosão em Tel Aviv, em 17 de julho. Três trabalhadores estrangeiros e dois israelenses morreram no ataque. Dois dias depois do atentado, militares israelenses demoliram a casa da família Ajouri no campo de refugiados de Askar, nas proximidades de Nablus. O Exército ordenou a expulsão de um irmão e uma irmã de Ajouri para a Faixa de Gaza, mas a ordem está sendo desafiada num tribunal. Petição Em Jerusalém, a Suprema Corte de Israel rejeitou uma petição de familiares de supostos terroristas cujas casas o Exército israelense decidiu demolir. Os requerentes pediam que fosse dado um aviso com 48 horas de atencedência para dar-lhes tempo de recorrerem a tribunais contra a demolição. O Exército de Israel alegou que seus soldados correriam risco caso o aviso fosse dado. Tropas israelenses demoliram no domingo casas de familiares de nove supostos terroristas, revivendo uma controvertida prática que havia sido abandonada há anos. Grupos de direitos humanos afirmam que a demolição de casas constitui punição coletiva e viola o direito internacional. O governo israelense alega que está travando uma guerra contra o "terrorismo" e que a demolição de casas é uma importante forma de "conter futuros ataques". Em outra medida de contenção, o ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, do ultraortodoxo Partido Shas, ameaçou revogar a cidadania de árabes-israelenses envolvidos em ataques contra israelenses. "Se eu evitar que um terrorista mate um israelense, para não mencionar mais do que isso, seria louvável revogar a cidadania de dez ou mais a fim de parar essa terrível praga", disse ele à Rádio de Israel. Árabes-israelenses e políticos pacifistas denunciaram a proposta como racista, mas Sharon a considerou "uma decisão correta, sensata e equilibrada". Israel ocupou sete das oito maiores cidades da Cisjordânia, depois de uma série de atentados suicidas à bomba contra o Estado em meados de junho. Autoridades negaram notícias publicadas pela imprensa de Israel informando que o Exército formulou planos para o caso de a ocupação exigir que o Estado volte a impor governo civil na Cisjordânia e na Faixa de Gaza - administrando os serviços básicos, como fazia antes dos acordos de Oslo. Segundo as notícias, Amos Gilad, coordenador de operações do Exército nos territórios, afirmou ao Comitê de Defesa e Relações Exteriores do Parlamento que os militares estavam preparados para tal cenário. Gilad negou estas informações, afirmando que Israel não tem intenção de trazer de volta a administração militar. "Não seríamos capazes de fazê-lo, mesmo se quisessemos", disse.

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