Israel mobiliza milhares de soldados e Hezbollah promete surpresas

Novos ataques aéreos atingem Haifa deixando seis feridos; oito soldados israelenses morreram nos combates terrestres

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Por Agencia Estado
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Israel intensificou nesta sexta-feira suas operações terrestres no sul do Líbano, com a participação de milhares de soldados, e manteve os seus bombardeios, enquanto o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, prometia "surpresas na próxima etapa" do conflito. Em Haifa, pelo menos cinco foguetes atingiram o porto da cidade deixando seis feridos. Oito soldados israelenses morreram e outros 16 foram feridos nos violentos combates contra milicianos do Hezbollah em território libanês nas últimas 48 horas, admitiram as autoridades militares israelenses. As últimas quatro baixas morreram nos choques de ontem perto da localidade libanesa de Maroun al-Ras. Os israelenses garantiram ter descoberto uma rede de abrigos e depósitos subterrâneos, equipados com foguetes e mísseis. Até agora Israel tinha informado que estava usando "pequenas unidades" nas operações para destruir a infra-estrutura do Hezbollah. Mas nesta terça-feira fontes militares admitiram que são "milhares" os soldados israelenses atuando no sul do Líbano. As ações por terra em território libanês, até o momento restritas a uma faixa de menos de dois quilômetros a partir da fronteira, começaram há dois dias, depois de Israel comprovar que, apesar dos intensos bombardeios, o Hezbollah continuava lançando seus foguetes. O aumento da atividade das tropas no sul do Líbano não interrompeu os ataques aéreos e marítimos ao resto do país. A zona sul da capital voltou a ser castigada. Após várias horas de calma em Beirute, Israel retomou esta madrugada seus bombardeios, concentrando seus ataques no bairro de Haret Hreik, segundo a imprensa local. Além disso, dois obuses caíram no município de Baabda, onde fica o palácio presidencial. Damur, ao sul da capital, também foi bombardeada. Ainda não há informação sobre vítimas. Segundo Al-Manar, a televisão do Hisbolá, os aviões de Israel continuam atacando a cidade de Baalbek, onde bombardearam uma ponte e uma usina elétrica, e outros alvos no Bekaa, no leste do país. Em Tiro, no sul, pelo menos uma pessoa morreu e outras duas foram feridas por um míssil israelense. Além disso a aviação simulou ataques com bombas de fumaça em Nabatiyeh, a maior cidade do sudeste, segundo a emissora. O Exército israelense já realizou 3 mil operações aéreas nos 10 dias de ofensiva no Líbano, segundo fontes militares. A milícia disparou ontem cerca de 50 foguetes e mísseis contra localidades do norte de Israel. Nesta sexta-feira, um Katyusha atingiu uma base das Forças Interinas de Emergência da ONU (Finul), no extremo sul do Líbano. Um porta-voz militar israelense disse que, aparentemente, o ataque não causou vítimas, já que a base estava vazia. O líder da milícia, Hassan Nasrallah, disse ontem à noite, numa entrevista à rede de TV Al Jazira, que os dois soldados israelenses capturados só serão soltos "através de negociações indiretas, com uma troca" por prisioneiros libaneses e árabes. Nasrallah, que aparentou serenidade e mostrou as mãos para provar que não foi atingido pelos bombardeios, desmentindo as notícias divulgadas por Israel, acrescentou que "o Hezbollah resiste, suporta os golpes, toma iniciativas e vai surpreender na próxima etapa". Ontem à noite, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu no Conselho de Segurança um cessar-fogo e a intervenção de organizações humanitárias. O Governo israelense aprovou a abertura de um corredor marítimo entre a ilha do Chipre e Beirute, para a retirada de civis e a passagem de ajuda humanitária destinada à população.

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