Israel não sai do Líbano enquanto faltar garantias, diz o ´Le Monde´

"Nós não estamos de acordo com todas as regras de engajamento e com todas as modalidades de aplicação da resolução 1701", declarou Dan halutz

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Por Agencia Estado
Atualização:

Prevista para 23 de setembro, depois adiada para o final desta semana, a retirada completa das tropas israelenses do sul do Líbano deve demorar ainda mais. As divergências de interpretação da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU aparecem entre o Exército de Israel, de um lado, e da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) e do Exército do Líbano, do outro lado. A informação é do jornal francês Le Monde. "Nós não estamos de acordo com todas as regras de engajamento e com todas as modalidades de aplicação da resolução 1701, e interrompemos a retirada até chegarmos em um acordo", declarou o chefe do Exército de Israel, Dan Halutz, nesta quarta-feira. "Nós deixamos claro[...] que faremos uso do nosso direito à autodefesa face a todas as atividades terroristas", explicou. As autoridades militares do Estado judeu querem conseguir garantias no que diz respeito ao desarmamento do Hezbollah, assim como sobre as medidas que serão tomadas pelas forças de paz e pelo Exército do Líbano para impedir o reabastecimento de armas por parte da milícia xiita. Eles consideram que a resolução 1701 não é clara o suficiente sobre os dois pontos, mesmo sabendo desde o início que a Finul não atuaria no desarmamento, missão reservada ao Exército libanês enviado ao sul do país. Normas precisas de engajamento Segundo a imprensa israelense, os militares querem saber se os depósitos de armas serão realmente procurados e destruídos. Eles demandam também garantias no que diz respeito à atitude das forças de paz e dos soldados libaneses em relação aos combatentes armados do Hezbollah. O Exército de Israel quer normas precisas sobre o engajamento, e quer poder determinar quando o cessar-fogo for violado. Há tempos que os dirigentes israelenses afirmam que a retirada se efetuaria a partir do momento em que a força internacional contasse com cinco mil homens, o que já ocorre há uma semana. Mas o exército de Israel continua a ocupar doze posições ao norte da "linha azul", em território libanês. Alguns milhares de soldados israelenses ainda ocupam essas posições. O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, também alertou que a aviação israelense continuaria a sobrevoar o território libanês enquanto os dois soldados seqüestrados não forem libertados, e enquanto a fronteira com a Síria continuar vulnerável ao envio de armas para o Hezbollah. Israel se preocupa com o refortalecimento da milícia xiita sob o olhar impotente das forças de paz e dos soldados libaneses. Já o premier de Israel, Ehud Olmert, declarou à rádio pública que ele não espera "um confronto militar global a curto prazo" com o Hezbollah. "A realidade mudou, mas não excluo a possibilidade de que os iranianos e, em certa medida, os sírios se esforcem para manipular o Hezbollah".

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