PUBLICIDADE

'Israel não toma partido entre bandidos'

Para analista israelense, plano russo não atende aos interesses do país, preocupado com programa nuclear do Irã

Foto do author Lourival Sant'Anna
Por Lourival Sant'Anna e BEIRUTE
Atualização:

O plano russo, pelo qual a Síria abre mão de suas armas químicas e evita ser atacada pelos EUA, não atende aos interesses de Israel, contrariamente ao que se afirma no mundo árabe. O arsenal sírio, seja ele de destruição maciça ou convencional, não representa ameaça para Israel. O que realmente preocupa Israel é o programa nuclear iraniano. A queda de Bashar Assad, cujo regime é aliado do iraniano, interessa a Israel porque enfraqueceria o Irã. E bombardeios americanos, que a iniciativa russa pretende evitar, poderiam precipitar a queda de Assad.

PUBLICIDADE

É o que explica o especialista israelense em assuntos de defesa e de geopolítica Efraim Inbar, diretor do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat, da Universidade de Bar-Ilan, distrito de Tel-Aviv. Além de não atender aos interesses de Israel, há no país um ceticismo de que o plano venha a ser cumprido, disse Inbar ao Estado.

O plano russo atende às preocupações israelenses?

Os israelenses são muito céticos em relação a acordos de controle de armas e inspeções internacionais.

As armas químicas sírias são a principal preocupação de Israel?

Não.

As armas convencionais sírias, incluindo os mísseis Scud, também representam uma ameaça?

Publicidade

São fonte de preocupação e uma ameaça, mas podemos interceptar os mísseis e também contar com a dissuasão. A principal fonte de preocupação é o programa nuclear iraniano.

Qual a probabilidade de a Síria atacar Israel com o objetivo de unir os sírios contra o chamado "inimigo comum"?

A probabilidade é muito baixa.

O Hezbollah parece ter aumentado sua força desde a guerra de 2006 (contra Israel), recebendo mísseis mais sofisticados do Irã. Isso preocupa Israel?

Sim, mas o Hezbollah está ocupado com a guerra civil na Síria (na qual luta ao lado do regime) e provavelmente aprendeu em 2006 que provocar Israel custa caro.

Do ponto de vista israelense, o envolvimento de grupos radicais islâmicos na guerra civil é razão para o Ocidente não ajudar o Exército Sírio Livre com armas?

Israel não toma partido entre bandidos matando bandidos.

Publicidade

O regime de Assad é mais seguro para Israel do que o risco de um novo regime sob a influência de radicais islâmicos?

Como Assad é aliado do Irã, que é o principal problema estratégico, quero que ele perca a guerra civil para enfraquecer o Irã. Em qualquer caso, a preferência de Israel não é relevante, já que o resultado da guerra civil será determinado pelas partes que estão lutando.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.