Israel nega encontro com palestinos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, desmentiu a realização de uma reunião no domingo entre representantes de Israel, da Autoridade Palestina (AP) e dos EUA para discutir sobre um cessar-fogo no conflito palestino-israelense. "Contrariamente ao que informaram os meios de comunicação esta noite, não foi adotada nenhuma decisão quanto à realização de uma reunião amanhã", disse um alto funcionário israelense. A retratação de Israel ocorreu aparentemente pelo fato de funcionários palestinos declararem à imprensa que os representantes da AP só se reuniriam amanhã se as tropas israelenses se retirassem de todas as áreas sob controle palestino. A notícia sobre o encontro havia sido divulgada após o enviado americano ao Oriente Médio, Anthony Zinni, reunir-se hoje à noite com Sharon em seu refúgio no sul de Israel. O gabinete havia anunciado que Sharon chefiaria a delegação israelense e Zinni participaria da reunião em nome dos EUA. Ainda na noite deste sábado, o chanceler israelense, Shimon Peres, dissera a correspondentes estrangeiros em Tel-Aviv que o Exército de Israel estava pronto para abandonar no domingo suas posições nos territórios autônomos palestinos. Israel retirou suas tropas de três cidades da Cisjordânia na sexta-feira, retrocedendo em sua maior operação nos territórios ocupados em 35 anos. Mas as forças israelenses ainda permaneciam hoje em duas áreas palestinas - Belém e o adjacente vilarejo de Beit Jalla. As autoridades israelenses haviam dito previamente que não retirariam suas tropas dos territórios palestinos até que a AP se responsabilizasse em manter a paz e a segurança nas áreas sob seu controle. Durante a ofensiva militar de Israel, vários palestinos acusados de serem militantes radicais foram presos e uma grande quantidade de armas foi apreendida. O mediador americano havia iniciado hoje uma segunda rodada de reuniões com funcionários de segurança palestinos, com muito otimismo e já prevendo uma declaração de um cessar-fogo nos próximos dias. Zinni reuniu-se hoje com Arafat na cidade cisjordaniana de Ramallah e depois manteve cinco horas de conversações com assessores políticos e de segurança. Ele já havia conversado durante 90 minutos na sexta-feira com Arafat, depois de reunir-se, na quinta e sexta-feiras, com Sharon e altos funcionários israelenses. Duas missões anteriores de Zinni fracassaram com o aumento da violência, mas o enviado disse que agora os encontros foram "extremamente positivos". Zinni chegou a Israel durante o mais sangrento período desde o começo da intifada (levante palestino contra a ocupação israelense) há 18 meses. Só neste mês, foram mortos 190 palestinos e 62 israelenses. Neste mês, também, Israel realizou sua maior operação militar contra os palestinos desde a invasão de 1982 do Líbano e enviou mais de 20 mil soldados à Cisjordânia e Faixa de Gaza em resposta à série de atentados a bomba e ataques a tiros palestinos. E o número de mortos continua a subir. Testemunhas e funcionários de segurança palestinos disseram que soldados israelenses mataram a tiros na manhã de hoje um motorista de táxi na cidade de Hebron. O motorista foi morto ao entrar num setor controlado por Israel durante toque de recolher. Soldados israelenses também mataram hoje à noite três palestinos na Faixa de Gaza quando se aproximaram de um posto militar perto do assentamento judaico de Netzarim. As fontes não informaram se os palestinos estavam armados, mas disseram que os soldados revistaram seus corpos em busca de explosivos. Em Nablus, a milícia palestina executou dois homens acusados de colaborar com Israel. Em sua visita ao Oriente Médio, o vice-presidente americano, Dick Cheney, reuniu-se hoje com líderes sauditas, que manifestaram sua profunda reserva sobre o envolvimento dos EUA nas negociações de paz e suas intenções sobre o futuro do Iraque.

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