Israel pede a retirada imediata da população civil do sul do Líbano

Governo israelense aprovou a abertura de um corredor marítimo entre Chipre e Beirute para evacuação de civis e passagem de ajuda humanitária

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Exército de Israel lançou na noite de quinta-feira (horário local) pelo menos 40 ataques aéreos contra supostos objetivos do Hezbollah no sul do Líbano, ao mesmo tempo exortou os habitantes da região a sair imediatamente da região que está sendo atacada desde o início da ofensiva, há dez dias. Os ataques da noite de quinta-feira, segundo as mesmas fontes, incluíram instituições e sedes do Hezbollah, assim como veículos suspeitos. "A artilharia israelense também bombardeou instalações de lançamento de mísseis situadas na fronteira com o Líbano", prosseguiu. Nesta sexta-feira, uma base da ONU no sul do Líbano foi atingida por um foguete do Hezbollah. De acordo com a polícia libanesa, a aviação israelense fez oito ataques na região de Tiro, a uns oitenta quilômetros ao sul de Beirute. Por sua vez, o governo de Israel declarou que porá fim à ofensiva no Líbano quando o Hezbollah depuser armas. A declaração foi feita horas depois de o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exigir o "fim imediato à violência". Quatro soldados israelenses morreram nos violentos combates de quinta-feira com milicianos do Hezbollah, na localidade de Maroun al-Ras, no Líbano, revelaram nesta sexta-feira autoridades militares de Israel. Inicialmente, haviam sido anunciadas duas baixas israelenses. Nos combates por terra das últimas 48 horas, com a participação de várias de unidades de elite do corpo de infantaria, morreram oito militares israelenses. Outros 16 ficaram feridos, acrescentaram as fontes. O general Benny Gantz, chefe do Comando do Exército, afirmou que as operações terrestres vão continuar, apesar das baixas. As tropas israelenses descobriram em Maroun al-Ras uma rede de casamatas e depósitos subterrâneos onde os milicianos islâmicos armazenavam foguetes e mísseis. As fontes militares admitiram que são "milhares" os soldados operando no sul do Líbano. Inicialmente, o comando militar havia informado que as operações para destruir a infra-estrutura do Hezbollah ao longo da fronteira envolviam "pequenas unidades". Dez dias de guerra A Força Aérea atacou nesta madrugada, no início do 10º dia da ofensiva israelense, mais de 40 alvos no Líbano, entre eles cinco instalações do Hezbollah, e oito veículos suspeitos, segundo fontes militares. O governo israelense aprovou na noite de quinta-feira a abertura de um corredor marítimo entre o Chipre e Beirute, capital do Líbano, para a evacuação de civis e a passagem de ajuda humanitária. O vice-primeiro-ministro, Shimon Peres, declarou à rádio pública que "a guerra no Líbano não acabou, mas sem dúvida Israel vencerá". A luta "pode continuar por muito mais tempo e causar mais vítimas entre os israelenses", disse o político, destacando que "as Forças Armadas estão combatendo o Hezbollah, e não o povo libanês". Na quinta-feira, o Hezbollah lançou um total de 27 foguetes Katiusha. A intensificação dos combates por terra, numa faixa de território libanês de um quilômetro e meio junto à fronteira, aqueceu a polêmica em Israel sobre o risco de uma invasão em grande escala para neutralizar o Hezbollah. O Exército israelense realizou 3 mil operações aéreas nos 10 dias de ofensiva no Líbano. Base da ONU Um foguete Katyusha da milícia islâmica do Hezbollah atingiu nesta sexta-feira uma base das Forças Interinas de Emergência da ONU (Finul) no extremo sul do Líbano. Um porta-voz militar israelense disse que, aparentemente, o ataque não causou vítimas entre os "capacetes azuis" da ONU, pois a base já havia sido desativada. As forças da ONU atualmente contam com cerca de 2 mil homens de diversos países. Eram mais de 5 mil membros na época da sua criação, em 1978, com um quartel-general em Ras el-Nakura. Desde a sua instalação, foram mais de 250 baixas. As Finul foram estabelecidas por ordem do Conselho de Segurança, para supervisionar a retirada das tropas israelenses que invadiram o sul do Líbano, durante uma campanha contra a guerrilha palestina. Outra missão era garantir a instalação das forças do Exército libanês ao longo da fronteira com Israel. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, admitiu esta semana que as tropas não conseguiram cumprir sua missão. Ele propôs o estabelecimento de uma nova força internacional, com 10 mil soldados, ao longo da fronteira entre os dois países. Cessar-fogo O governo de Israel afirmou nesta sexta-feira que porá fim à ofensiva no Líbano quando o Hezbollah depuser armas. A declaração foi feita horas depois de o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exigir o "fim imediato à violência". Israel exige que o Hezbollah seja desmantelado como força militar, em cumprimento à resolução 1.559 da ONU, e que perca a capacidade de iniciar uma nova crise, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Mark Regev. O governo de Jerusalém também impõe como condição para o cessar-fogo que o Hezbollah não receba mais aporte de armas por parte do Irã e da Síria.

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