Israel permite entrada de carros na Faixa de Gaza depois de três anos

Entrada de 20 veículos faz parte de relaxamento do bloqueio; palestinos usavam carroças como transporte

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Por Guila Flint
Atualização:

 

Carros cruzam a fronteira com Gaza. Foto: Amir Cohen/Reuters

JERUSALÉM - Pela primeira vez desde o bloqueio que impôs à Faixa de Gaza em 2007, Israel permitiu, nesta segunda-feira, a entrada de vinte carros encomendados por palestinos da região.

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A medida faz parte do relaxamento parcial do bloqueio, implementado pelas autoridades israelenses nos últimos meses, desde a onda de protestos internacionais gerada pelo ataque à flotilha turca em maio.

Vinte veículos, alguns novos e outros usados, entraram na Faixa de Gaza, pelo ponto de checagem de Kerem Shalom, na manhã desta segunda-feira.

Parte dos carros servirá como táxis, depois que nos últimos três anos, por falta de veículos, a população passou a usar charretes movidas por burros ou cavalos ou carroças atreladas a motocicletas como meios de transporte.

Nesses anos, os únicos veículos que os palestinos conseguiram importar para a Faixa de Gaza foram desmontados e levados por intermédio de túneis escavados entre a cidade de Rafah, no sul da região, e o território egípcio.

Materiais de construção

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Na semana passada, o governo israelense também anunciou a passagem de 250 toneladas de materiais de construção para reconstruir o sistema de esgotos no bairro de Sheikh Ajlin, no centro da Faixa de Gaza.

No entanto, segundo a ONG de direitos humanos israelense Gisha (Acesso, em tradução livre), o bloqueio israelense à Faixa de Gaza continua sendo significativo e o relaxamento "é muito pequeno em relação às necessidades da população".

De acordo com a Gisha, apesar do relaxamento do bloqueio pelas autoridades israelenses, a quantidade de mercadorias cuja passagem para Gaza é permitida significa menos de 30% das necessidades da população, e o volume de combustível que entra na região é cerca de um quarto das necessidades.

A Agência de Refugiados das Nações Unidas, UNRWA, rejeitou 40 mil alunos que queriam estudar em suas escolas, por falta de salas de aula.

Segundo a agência, faltam cem escolas na Faixa de Gaza, e para construí-las, é necessária uma grande quantidade de materiais de construção cuja entrada Israel não permite.

Razões de segurança

O nível das escolas da ONU é considerado melhor do que as escolas da Autoridade Palestina, controladas pelo governo do Hamas desde que o grupo tomou à força o controle da Faixa de Gaza em junho de 2007.

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Nas escolas de Gaza, a falta de salas de aula é tão grande que os alunos estudam em dois turnos, em média 50 alunos em cada classe.

Várias escolas utilizam contêineres como salas de aula e três alunos, em vez de dois, sentam em cada banco.

O governo israelense afirma que a proibição à entrada de materiais de construção na Faixa de Gaza decorre de razões de segurança, pois, segundo porta-vozes oficiais, o Hamas poderia utilizar os materiais para fins militares.

Segundo vários analistas locais, o principal objetivo do bloqueio é abalar a força politica do Hamas, piorando as condições de vida da população.

No entanto, depois de três anos de bloqueio quase hermético, aparentemente esse objetivo não foi alcançado e não houve um levante da população de Gaza contra o governo do Hamas.

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