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Israel pode, sim, vencer desta vez

Por William Kristol
Atualização:

Dizem que o ataque israelense contra o Hamas será uma repetição da tentativa, em 2006, de submeter o Hezbollah no Líbano. E o resultado disso, acrescentam, será muita morte e destruição, nenhuma vitória estratégica para Israel e um revés para todos os que buscam a paz no Oriente Médio. Digo algo com alguma inquietação: acho que essa opinião é errada. Israel pode muito bem ter sucesso em Gaza. Em primeiro lugar, o sul do Líbano é uma área através da qual o Hezbollah podia ser abastecido pela Síria e pelo Irã. Gaza, por outro lado, é uma faixa estreita, limitada com Israel, o mar e o Egito, nenhum deles favorável ao Hamas. Ao separar a região norte do sul de Gaza, Israel basicamente cercou o norte de Gaza e criou uma situação militar muito diferente daquela no Líbano em 2006. Além disso, a liderança israelense parece ter consciência dos erros políticos, estratégicos e militares que cometeu no Líbano. Não significa que não podem se repetir. Afinal, o mesmo premiê, Ehud Olmert, está no comando. Mas o ministro da Defesa atual, Ehud Barak, é muito diferente do predecessor, o fraco e desqualificado Amir Peretz. Até agora, o que se pode dizer é que a operação de Gaza foi bem planejada e está sendo metodicamente executada. No Líbano, Israel não conseguiu atingir seus objetivos - recuperar seus dois soldados sequestrados e desarmar o Hezbollah. Agora o governo israelense afirma que a meta é enfraquecer o Hamas, destruir a capacidade do movimento de disparar foguetes contra Israel e assegurar que o Hamas se rearme novamente. São metas que podem ser alcançadas. E, naturalmente, nem todas as tentativas militares contra o terror fracassam. Basta lembrar a incursão de Israel na Cisjordânia em 2002, quando, sob a liderança de Ariel Sharon, o país conseguiu estraçalhar as redes estabelecidas de terror, com a derrota da segunda intifada. Além disso, o derramamento de sangue de 2002 não prejudicou de maneira duradoura as esperanças de progresso e moderação na Cisjordânia. Afinal, foi Gaza, de onde Israel se retirou em 2005, e não a Cisjordânia, que se tornou o bastião do Hamas. Um sucesso israelense em Gaza será uma vitória na guerra contra o terror - e na luta mais ampla pelo futuro do Oriente Médio. O Hamas é apenas uma manifestação da ascensão de um extremismo islâmico que cultua a morte e defende o terror. A associação com o Irã, que pretende se armar nuclearmente, produziu um novo tipo de ameaça para Israel. E também para todos no Oriente Médio, incluindo os muçulmanos que não querem viver sob o domínio de extremistas. E para qualquer nação, como os EUA, que seja alvo do terror islâmico. Assim existem boas razões para os EUA apoiarem Israel na sua luta. Israel - supondo que saia vitorioso -, ao enfrentar o Hamas, presta um serviço aos EUA. O enorme desafio para o governo de Barack Obama será o Irã. Se Israel capitular diante do Hamas e for impedido de usar a força para conter os ataques, essa será uma vitória do Irã. Se Israel for pressionado a se retirar sem concretizar seu objetivo, de debilitar significativamente o Hamas, isso será um triunfo para o Irã. Em ambos os casos, o regime iraniano vai se sentir encorajado e menos suscetível às pressões do governo Obama para pôr um fim ao seu programa nuclear. *William Kristol é editor da revista de Washington ?The Weekly Standart?

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