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Israel prepara fim dos assentamentos judeus em Gaza

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro do Exterior de Israel, Shimon, Peres está preparando um plano de paz independente que exigiria que o país desmantelasse os assentamentos judeus em Gaza - algo exigido pelos palestinos, mas que enfrenta a oposição do primeiro-ministro Ariel Sharon. Peres admitiu hoje que estava preparando o plano, mas recusou-se a entrar em detalhes, que poderia causar atritos num governo cada vez mais dividido em relação à invasão de duas semanas de Israel em cidades controladas pelos palestinos na Cisjordânia. Peres disse, depois de encontrar-se com o presidente croata, Stipe Mesic, que provavelmente se reunirá com o líder palestino, Yasser Arafat, no fim de semana numa conferência econômica na Espanha, o primeiro contato de alto nível desde o início das invasões. Mas ele sublinhou que os dois não irão fazer negociações. "Negociações têm de ser preparadas cuidadosamente, senão elas vão criar desapontamento ao invés de esperança", afirmou. Ele repetiu que Israel não tem intenção de permanecer nas quatro cidades da Cisjordânia ocupadas depois que militantes palestinos mataram a tiros um ministro ultranacionalista do governo em 17 de outubro, dizendo que Israel irá se retirar quando a segurança estiver garantida. Oficiais de segurança israelenses e palestinos, entretanto, não conseguiram na segunda-feira estabelecer um cronograma para a retirada de áreas que Israel ocupa em Tulkarem, Qalqilya, Ramallah e Jenin. O Estado judeu exige que os palestinos prendam mais militantes antes que aceite se retirar. Sob forte pressão internacional, Israel retirou-se de Belém e Beit Jalla no domingo. Oficiais de segurança palestinos disseram que prenderam dois integrantes do grupo militante palestino Jihad Islâmica na segunda-feira, algo que Peres afirmou que aplaudiria se for verdade. Violência continua Em Gaza, os distúrbios continuam, com palestinos fazendo vários disparos de morteiro contra um assentamento judeu e tropas israelenses entrando brevemente em território controlado por palestinos em busca dos atiradores. Israel já matou 38 palestinos, incluindo civis, nas invasões efetuadas após o assassinato do ministro. A Frente Popular para a Libertação da Palestina assumiu o assassinato, dizendo que era uma vingança contra a morte de seu líder em 27 de agosto por Israel. Membros do moderado Partido Trabalhista, de Peres, também estão insatisfeitos com as invasões, a mais ampla operação militar de Israel em 13 meses da intifada (levante) palestina que já deixou 730 mortos no lado palestino e 191 no lado israelense. Muitos membros do partido estão exigindo que os trabalhistas abandonem a coalizão de Sharon. Apesar de teoricamente Sharon poder ainda comandar uma maioria, ele ficaria à mercê de partidos extremistas que têm exigidos ações ainda mais duras para esmagar o levante palestino e certamente se oporiam a iniciativas de paz. Estado palestino Segundo o jornal israelense Maariv, Peres estava finalizando uma proposta pela qual Israel iria retirar-se completamente de toda a Faixa de Gaza - dois terços da qual são zonas autônomas palestinas - e desmantelar os assentamentos onde cerca de 7.000 israelenses vivem em meio a mais de um milhão de palestinos. O jornal escreveu que o plano prevê a criação de um Estado palestino. Segundo a notícia, cada lado iria administrar os lugares sagrados, mas a questão maior de Jerusalém - que os dois lados reivindicam - seria postergada. Equipes conjuntas de segurança seriam criadas e um comitê internacional composto por representantes da ONU, União Européia, Estados Unidos e Rússia trataria o problema dos refugiados palestinos e o pagamento de compensações. O porta-voz de Peres, Yoram Dori, confirmou que o chanceler estava "preparando um plano de paz" que seria divulgado nos próximos dias, mas ele não deu detalhes. "Sharon concordando ou não, vamos ter algo a dizer", afirmou Dori. Um assessor de Sharon, Raanan Gissin, recusou-se a comentar as notícias.

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