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Israel prepara opinião pública para lançar ofensiva em Gaza

Governo israelense adverte que responderá aos ataques com foguetes lançados pelo Hamas

Por AP E REUTERS
Atualização:

Diante do naufrágio do cessar-fogo de cinco meses entre o grupo palestino Hamas e Israel, Tel-Aviv decidiu lançar uma ofensiva diplomática com o objetivo de preparar a opinião pública mundial para uma eventual operação terrestre de larga escala na Faixa de Gaza - território controlado há mais de um ano pelo grupo fundamentalista. Ontem, foguetes foram disparados contra o sul de Israel sem deixar vítimas. Em entrevista a uma rede de TV israelense, Mahmoud Zahar, um dos líderes da ala militar do Hamas, deu sinais de que deseja restaurar o cessar-fogo. As condições seriam o fim do bloqueio israelense a Gaza e a interrupção das operações na Cisjordânia, território controlado pelo grupo palestino rival, Fatah. "O preço é a vida do povo palestino", disse Zahar. Israel, que já havia se negado a interromper as operações na Cisjordânia durante o período em que vigorou a última trégua, não comentou as declarações do líder do Hamas. O aumento do tom da diplomacia israelense teria por objetivo mostrar ao Hamas que o país agirá caso o grupo volte a ameaçar o sul de seu território. Analistas, porém, afirmam que os dois lados desejam renovar a trégua e estariam endurecendo suas posições para galgar melhores termos em um futuro acordo. Ontem, apesar dos ataques de foguetes registrados, o grupo islâmico disse ter solicitado aos seus militantes - a pedido do governo egípcio - o fim dos disparos por 24 horas. Outras facções palestinas, como a Jihad Islâmica, disseram não ter recebido a ordem. O presidente do Egito, Hosni Mubarak, convidou a chanceler israelense - e candidata às eleições gerais, marcadas para fevereiro -, Tzipi Livni, a negociar no Cairo os termos de um novo cessar-fogo. Funcionários próximos de Tzipi disseram que a chanceler estaria disposta a analisar eventuais propostas, mas denunciaria a Mubarak os ataques de foguetes contra Israel. O líder do braço político do Hamas, Ismail Haniyeh, solicitou ao primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, que pressione Israel a levantar o bloqueio a Gaza. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e Erdogan se encontraram em Ancara ontem e, segundo um porta-voz do governo turco, o assunto estava na pauta de discussões. LADO SÍRIO O presidente da Síria, Bashar al-Assad, declarou ontem que as negociações indiretas que seu país e Israel vêm conduzindo há meses podem ser oficializadas e levar a um acordo definitivo. "Contatos diretos representariam uma nova fase de sucesso e, naturalmente, a paz seria alcançada", disse Assad à agência estatal de notícias Sana. Sob mediação de Ancara, os dois países - tecnicamente em guerra até hoje - realizaram cinco rodadas informais de negociação neste ano. Em um eventual acordo, Israel devolveria as Colinas de Golã, em troca de seu reconhecimento e do fim do apoio a grupos como o Hezbollah e o Hamas por parte de Damasco.

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