Israel prometeu recuar, diz Powell

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Por Agencia Estado
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O secretário de Estado americano, Colin Powell, não conseguiu o cessar-fogo que buscou em sua missão de 10 dias no Oriente Médio, mas destacou hoje como um progresso uma promessa israelense de acelerar a retirada de suas tropas da Cisjordânia. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, deu garantias de "verdadeiros resultados nos próximos dias", afirmou Powell. "Só com o fim das incursões e com o engajamento em conversações de segurança poderá ser alcançado um cessar-fogo". Ele voltou a advertir o líder palestino Yasser Arafat para "decidir, como o resto do mundo já decidiu, que o terrorismo tem de terminar". Mas sugestões americanas antes da partida de Powell de que a missão de paz seria a última chance de Arafat evaporaram no fim da viagem. "Ele detém o escritório da presidência da Autoridade Palestina", lembrou Powell, após se reunir com Arafat. "Então, se alguém aprova ou desaprova isto, se gosta ou não, trata-se de uma realidade". O presidente dos EUA, George W. Bush, num discurso enquanto Powell retornava a Washington, exortou Arafat a fazer mais para conter a violência. O presidente irá reunir nesta quinta-feira sua equipe de segurança nacional para ouvir de Powell um relato de sua missão e discutir a possibilidade de realização de uma conferência de paz para o Oriente Médio. Bush quer ter certeza de que a idéia faz sentido antes de abraçá-la, explicou uma alta autoridade dos EUA. O diretor da CIA, George Tenet, está considerando viajar na semana que vem para a região, mas ainda não tomou decisão. Bush e Powell também discutirão quando o secretário de Estado poderá retornar ao Oriente Médio. Powell, depois de se reunir hoje com Arafat, se encontrou no Cairo com o ministro do Exterior egípcio, Ahmed Maher, antes de seguir para Washington. Originalmente, Powell deveria se reunir com o presidente Hosni Mubarak, mas lhe disseram que Mubarak estava "indisposto". A atitude de Mubarak reflete um amplo descontentamento no mundo árabe, que acredita que Powell não colocou pressão suficiente sobre Israel para pôr fim à sua ofensiva. Powell reuniu-se com Arafat em seu escritório em Ramallah cercado por tropas e tanques israelenses. "Ele (Arafat) deveria usar sua posição de liderança para pôr fim ao terrorismo?, disse Powell. Arafat acompanhou Powell até a porta de seu bombardeado QG depois do encontro de duas horas, mas não se aventurou fora. Ele então reclamou irritadamente com repórteres sobre seu confinamento e apelou pela ajuda internacional. "Tenho de pedir a todo o mundo, tenho de pedir à sua excelência presidente Bush, tenho de pedir às Nações Unidas. É aceitável que eu não possa ultrapassar esta porta?" disse ele em voz alta. Na porta ao lado, atiradores de elite israelenses espreitavam através de janelas entreabertas. "Eles estão voltando", afirmou Arafat, referindo-se às últimas incursões israelenses em áreas palestinas, depois que Sharon garantiu que iria se retirar em uma semana de todas as cidades e vilas palestinas, exceto Ramallah e Belém. Bush, em seu discurso, voltou a pedir a Israel para manter a retirada das tropas da Cisjordânia, mas não reiterou a exigência de que isto tem de ser feito imediatamente. Bush também pediu aos países árabes para "assumirem suas responsabilidades". "Os egípcios, jordanianos e sauditas têm colaborado na guerra maior contra o terrorismo e têm de ajudar a confrontar o terrorismo no Oriente Médio", afirmou Bush. Um assessor de Sharon, Dore Gold, culpou os palestinos pelos poucos resultados da missão de Powell. "O secretário sai daqui com um alcançável calendário para a retirada israelense de suas forças de cidades palestinas e a conclusão da atual operação", segundo Gold. "Infelizmente, Yasser Arafat não foi recíproco, não ofereceu um cessar-fogo significativo". O ministro palestino Saeb Erekat jogou a responsabilidade para os israelenses. "Sharon fez um bom trabalho de torpedeamento da missão do secretário".

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