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Israel reage com bombardeio, mata 1 e fere 32

Por Agencia Estado
Atualização:

Num duplo revés para os militares israelenses, o comandante de uma unidade secreta de elite foi morto nesta sexta-feira num acidente durante uma ação na Cisjordânia, poucas horas depois que uma bomba de 50 kg detonada por palestinos destruiu um tanque Merkava-3 - o primeiro caso na história de Israel -, matando três soldados e ferindo um quarto. Em represália pelo ataque contra o tanque, aviões de combate israelenses lançaram mísseis nesta sexta-feira contra um complexo da polícia palestina na Faixa de Gaza, matando um tenente e ferindo pelo menos outros 32 policiais, quatro deles gravemente. Dois policiais estavam desaparecidos entre os escombros. Tratores do Exército israelense também destruíram plantações palestinas nas proximidades do local do ataque ao tanque. Em 16 meses de confrontos com os palestinos, o Exército tem sofrido relativamente poucas baixas, e as mortes chocaram a hierarquia militar. Altos comandantes, ainda incrédulos, inspecionaram nesta sexta-feira o tanque, que foi dividido em dois. O tanque foi atacado na noite de quinta-feira na Faixa de Gaza numa dupla emboscada. Atacantes detonaram uma primeira bomba nas proximidades de um comboio israelense a fim de atrair o tanque para o local, que foi destruído numa explosão maior. Um grupo de facções palestinas, incluindo o grupo Fatah, de Yasser Arafat, e o Hamas assumiram responsabilidade pela ação. O ataque seria uma resposta à morte de cinco palestinos no começo da semana numa incursão israelense em três cidades palestinas - a maior operação militar em Gaza desde o início dos confrontos. Foi a primeira vez em que os palestinos destruíram um grande armamento israelense - uma façanha que nem as guerrilhas do Hezbollah no Líbano, mais bem treinadas e equipadas, conseguiram alcançar em seus 18 anos de combates contra Israel. O Merkava é um dos tanques mais fortemente blindados do mundo, e nunca antes um Merkava havia sido destruído. O porta-voz do Hamas, Ismail Abu Shanab, disse que com o ataque eles alcançaram um "equilíbrio do terror" entre Israel e os palestinos. O comentarista israelense Rafi Mann afirmou que um símbolo do poder de Israel foi destruído. "É como se os terroristas, com seus fuzis AK-47 e mísseis caseiros, derrubassem um F-16", escreveu ele no diário Maariv. O jornal Yediot Ahronot, citando fontes militares, afirmou que o know how para a montagem da bomba veio do Hezbollah. O líder oposicionista israelense Yossi Sarid disse que o ataque contra o Merkava é o prenúncio do que está por vir. "Mesmo o melhor tanque do mundo, e mesmo o tanque mais blindado não pode oferecer suficiente proteção para nossos soldados", considerou. "O que oferece proteção é... negociações (de paz)". Mas o governo do primeiro-ministro Ariel Sharon retaliou enviando aviões de combate para bombardear o quartel da polícia palestina na cidade de Jebalya, cinco quilômetros ao norte da Cidade de Gaza. Um dos sete prédios do complexo pegou fogo e equipes de resgate trabalhavam no local. O corpo de um tenente foi retirado dos escombros. O chefe da polícia palestina em Gaza, general de brigada Abdel Razek Majaidie, disse que Sharon "é responsável por cada gota de sangue derramada de cada lado", e advertiu que tais ataques irão apenas provocar mais ataques palestinos. Na Cisjordânia, o comandante da unidade secreta israelense Duvdevan, coronel Eyal Weiss, 34 anos, foi morto nesta sexta-feira quando caiu sobre ele um muro durante a demolição de uma casa por buldôzeres do Exército de um suposto militante islâmico. Weiss estava perto da casa, interrogando um suspeito, quando o muro caiu e o enterrou sob os escombros. O comandante do Exército na Cisjordânia, major-general Yitzhak Eitan, classificou o acidente "uma falta de sorte de primeira ordem". Os membros da Duvdevan perseguem militantes palestinos procurados, disfarçados como civis palestinos. A Duvdevan (cereja em hebreu) foi formada no final da década de 80, depois da eclosão do primeiro levante (intifada) palestino contra Israel. Weiss morreu durante uma operação israelense na vila de Saida, perto da cidade de Tulkarem, norte da Cisjordânia. Tropas entraram na vila por volta das 4 horas da manhã em busca de supostos militantes e partiu sete horas depois. Durante a incursão, um palestino foi morto, aparentemente durante uma troca de tiros.

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