PUBLICIDADE

Israel reclama da comparação de Sharon a Hitler

Por Agencia Estado
Atualização:

O embaixador israelense protestou, nesta segunda-feira, contra a publicação em uma destacada revista da Alemanha de uma coluna que compara as duras posições do primeiro-ministro Ariel Sharon em relação aos palestinos com as políticas promovidas por Adolf Hitler. Escrita por Rudolf Augstein, um dos mais respeitados jornalistas alemães, a coluna no semanário Der Spiegel afirma que Sharon apenas abriria caminho para uma geração mais radical de palestinos, caso eliminasse Yasser Arafat. Augstein comparou a situação às infundadas esperanças de Hitler, no fim da década de 30, de que, com a queda do então primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, as perspectivas para os nazistas melhorassem. O lugar de Chamberlain foi ocupado por Winston Churchill, que liderou a Grã-Bretanha durante a derrota da Alemanha nazista para os aliados na Segunda Guerra Mundial. O embaixador israelense Shimon Stein, numa carta enviada a Augstein e tornada pública, disse que a comparação era "um insulto a qualquer sobrevivente do Holocausto e a todo o povo judeu". Ele exortou os leitores da revista a rejeitarem "qualquer insinuação, analogia histórica ou algo que lembre uma comparação entre o primeiro-ministro do Estado judeu e a não-pessoa que queria destruir esse povo". No editorial, publicado na edição que foi às bancas nesta segunda-feira, é dito que Sharon "apagou duas décadas de esforços de paz", provocando uma guerra com os palestinos e ordenando ações militares que visam enfraquecer a liderança de Arafat. "Ariel Sharon quer guerra. Ele não deixa dúvida sobre isso", escreveu Augstein, acusando Sharon de tentar transformar áreas palestinas em protetorados israelenses. Ele disse que os palestinos têm sido "continuamente humilhados" desde a vitória de Israel na Guerra dos Seis Dias, travada em 1967. Apesar de incisivos, os comentários provavelmente não prejudicarão os laços especiais germano-israelenses enraizados na história compartilhada do Holocausto. A Alemanha é o mais forte aliado europeu de Israel e, em vista desta confiança, tem assumido um papel cada vez mais ativo nos esforços de paz no Oriente Médio. Mas Augstein expressou frustração com o que considerou uma atitude de contenção por parte da Alemanha em confrontar as políticas do Estado judeu. Referindo-se às abertas críticas a Israel na mídia francesa, ele disse: "Na França, alguém pode dizer isso, mas, aparentemente, isso não acontece na Alemanha".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.