PUBLICIDADE

Israel rejeita cessar-fogo e mantém bombardeios contra Faixa de Gaza

Premiê israelense rejeita proposta da França, alegando que o Hamas continua lançando foguetes contra o sul do país

Por Gustavo Chacra e JERUSALÉM
Atualização:

O governo de Israel decidiu manter a ofensiva contra o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza pelo quinto dia seguido ao não aceitar uma proposta de cessar-fogo de 48 horas proposto pela França. A decisão foi tomada no dia em que o número de mortes no lado palestino chegou a 393. Desde sábado, três israelenses civis e um militar também foram mortos por mísseis do Hamas. Os disparos do grupo palestino voltaram a atingir ontem cidades mais de 40 quilômetros da fronteira. "Nós não lançamos a ofensiva contra Gaza para terminá-la com os foguetes [DO HAMAS]ainda nos atingindo como antes. Israel conteve-se por anos e concedeu muitas oportunidades para que tivéssemos calma. Imagine se decretássemos um cessar-fogo e, alguns dias depois, foguetes atingissem Ashkelon (cidade israelense próxima a Gaza)?", questionou o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert. A proposta de cessar-fogo chegou a ser considerada na terça-feira, após conversa do ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, com o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner. Mas, em reunião do gabinete de segurança de Israel, que envolveu Olmert, Barak e a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, foi decidido que a ofensiva continuaria. Ontem, a Força Aérea de Israel anunciou ter bombardeado uma mesquita onde o Hamas estaria escondendo um grande arsenal de foguetes. Tropas estão posicionadas na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, prontas para dar início a uma ampla operação terrestre a qualquer momento. As Forças Armadas já convocaram 9 mil reservistas. O Hamas afirmou que estaria disposto a estudar propostas de paz desde que Israel levante o bloqueio econômico e humanitário imposto na Faixa de Gaza. "Nós somos a favor de qualquer iniciativa que interrompa imediatamente a agressão aos palestinos desde que os israelenses levantem integralmente o bloqueio", afirmou Ayman Taha, um porta-voz do grupo. Em outro comunicado, o Hamas acrescentou que "será mais fácil secar o mar de Gaza do que derrotar a resistência, que está em todas as casas do território. "As crianças de Gaza coletarão partes dos corpos de seus soldados e as ruínas de seus tanques", disse. Em uma iniciativa para diminuir a crise dentro da Faixa de Gaza, o governo de Israel permitiu que grupos de ajuda internacionais entrassem no território levando suprimentos médicos e alimentos. O governo do Egito, que não reconhece a autoridade do Hamas no território, manteve sua fronteira fechada. A pressão para que Israel aceite uma trégua incluiu até mesmo o presidente dos EUA, George W. Bush, que ao longo de seus oito anos no poder sempre se manteve como aliado incondicional dos israelenses. Salientando que considera o Hamas responsável pela atual crise, o presidente americano pediu diretamente a Olmert para que estudasse medidas para conter a violência. De acordo com um comunicado da Casa Branca, o premiê teria dado garantias a Bush de que Israel tem feito o máximo para evitar baixas de civis. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pode viajar para Israel na próxima semana para tentar negociar um cessar-fogo. Líderes árabes reuniram-se ontem no Cairo, mas estavam divididos sobre qual posição tomar. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato. Abbas pertence ao Fatah, grupo rival do Hamas. BLOQUEIO A operação israelense em Gaza começou no sábado com bombardeios aéreos. A ofensiva, de acordo com Israel, foi uma resposta à violação de um cessar-fogo pelo Hamas, que voltou a lançar foguetes contra cidades israelenses na fronteira com Gaza. O Hamas diz que Israel provocou o conflito, ao bloquear o envio de suprimentos para Gaza. Os israelenses dizem que a medida havia sido uma resposta a outros grupos palestinos que continuaram lançando mísseis, apesar da trégua. CRONOLOGIA Junho de 1967: durante a Guerra dos Seis Dias, Israel toma a Faixa de Gaza, então controlada pelo Egito Dezembro de 1987: é criado o movimento islâmico Hamas, que nasce no campo de refugiados de Jabaliya durante a primeira intifada (revolta) contra Israel 1993: termina levante em Gaza com saldo de 2.100 mortos Setembro de 2005: Israel se retira de Gaza, mas mantém controle costeiro e aéreo da região Junho de 2007: Hamas derrota as forças do partido laico Fatah e assume o controle de Gaza Junho de 2008: Acordo prevê trégua no lançamento de foguetes palestinos e ataques israelenses contra Gaza Novembro de 2008: Após uma incursão israelense, palestinos retomam disparos 27 de dezembro de 2008: Israel lança ampla ofensiva, que mata 200 palestinos em apenas um dia

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.