Israel sai de povoados e invade outros; Powell chega

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Por Agencia Estado
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Israel retirou-se hoje de 24 pequenas cidades e vilas da Cisjordânia, mas entrou em outras e deteve mais palestinos, apesar de pedidos internacionais e pressão dos Estados Unidos para pôr fim à campanha de duas semanas contra o que ele chama de estrutura do terror. O Exército de Israel informou que 4.185 palestinos já foram presos na operação - quase metade deles nos últimos dois dias, depois que combatentes em Jenin e Nablus, duas cidades-chave no norte de Cisjordânia, ficaram sem munição e se renderam. Entre os detidos estão 121 palestinos que constavam numa lista de procurados, segundo o Exército. O secretário de Estado americano, Colin Powell, chegou hoje a Israel vindo da Jordânia e deve se reunir tanto com o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, quanto com o líder palestino Yasser Arafat, que tem sido mantido como um virtual prisioneiro de Israel em seu cercado quartel-general em Ramallah. No caminho para Israel, Powell afirmou que o ritmo da retirada israelense da Cisjordânia faria parte de "conversações muito longas" que terá nesta sexta-feira com Sharon. Ele pretende se reunir com Arafat no sábado em Ramallah. Tem havido um crescente sentimento antiamericano em todo o mundo árabe em vista da ofensiva militar israelense, lançada para erradicar os responsáveis pelos atentados contra civis israelenses nos últimos 18 meses. Hoje, Sharon admitiu que os confrontos estão causando dificuldades para os EUA. "Eles (os americanos) têm problemas na região, é verdade, mas informei a eles que nossa atividade vai continuar - e ela vai continuar", disse Sharon. Os Estados Unidos, junto com as Nações Unidas e a União Européia, têm exigido uma imediata retirada israelense da Cisjordânia. Powell está na região para tentar garantir um cessar-fogo e a retomada das conversações de paz. No que parece ter sido um gesto de boa vontade antes da chegada de Powell, forças israelenses abandonaram cerca de 24 vilas e pequenas cidades da Cisjordânia. Mas invadiram as cidades de Dahariyah e Bir Zeit e o campo de refugiados de Ein Bein Hilmeh, promovendo muitas detenções. Posteriormente, elas saíram de Bir Zeit depois de prenderem 300 pessoas, na maioria estudantes da universidade local. A batalha em Nablus terminou antes do amanhecer de quarta-feira, quando estimados 100 homens - famintos, exaustos e praticamente sem munição - saíram de uma mesquita da cidade antiga. No campo de refugiados de Jenin, palco de uns dos confrontos mais sangrentos na ofensiva israelense, 36 homens armados, aparentemente o último bolsão de resistência, se entregaram às tropas do Estado judeu. O general de brigada Eyal Schlein, comandante da divisão de Jenin do Exército de Israel, disse hoje que disparos ocasionais persistiam em Jenin "e algumas vezes mais do que isto". Repórteres visitando hoje o campo de Jenin, onde os jornalistas não conseguiram entrar durante os oito dias de combate, viram uma devastação generalizada provocada por escavadeiras do Exército que destruíram as frentes das casas, mas nenhum corpo nas ruas. O médico Hussam Sherkawi, diretor dos serviços de emergência na Cisjordânia, disse que pelo menos 140 palestinos foram mortos em toda ofensiva israelense. Mas ele afirmou que era impossível verificar o número total porque Israel não permite que serviços de resgate entrem no campo de Jenin. Um porta-voz do Exército de Israel, tenente-coronel Olivier Rafowicz, estimou que cerca de 100 palestinos foram mortos em Jenin. Ele negou persistentes rumores de que o Exército tenha cavado covas coletivas para esconder o número de mortos e disse que Israel não removeu corpo, mas não podia dizer onde eles estavam agora. Do lado israelense, 28 oito soldados morreram na campanha militar, 23 só em Jenin. Hoje, tropas israelenses no campo de Jenin confiscaram fitas de um cinegrafista da Associated Press.

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