Israel tem plano de ofensiva total contra palestinos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dentro do gabinete de Israel estão surgindo pedidos para uma ofensiva total contra os palestinos, mas altas autoridades garantiram hoje que não existe intenção de reocupar áreas palestinas. A violência israelense-palestina se arrasta há 18 meses, apesar de repetidos esforços internacionais por uma trégua. A última tentativa, feita pelo americano Anthony Zinni, está em sua segunda semana e chegou a um momento decisivo. O ministro da Justiça Meir Sheetrit, tido como relativamente moderado no belicista Partido Likud, do primeiro-ministro Ariel Sharon, alinhou-se hoje com os linhas-duras, dizendo: "Se o terror persistir, Israel tem de tomar todas as medidas necessárias, incluindo incursões em todo local possível, a apreensão de armas e a erradicação de todo terrorismo". Pedidos semelhantes foram feitos pelo ministro da Segurança Pública Uzi Landau, do Likud, e pelo ministro do Interior, Eli Yishai, do Partido Shas, que afirmou hoje que o Exército de Israel deveria "operar simultaneamente em todos os territórios", confiscando armas e prendendo "centenas de milhares de homens procurados". No início do mês, o Exército israelense promoveu sua maior operação em duas décadas, enviando milhares de soldados a cidades e campos de refugiados palestinos, enfrentando militantes, confiscando armas e explosivos e causando baixas e danos generalizados. A operação foi suspensa 12 dias atrás, com a chegada do enviado americano Zinni a fim de negociar uma trégua. Um oficial israelense, que pediu para não ser identificado, disse que o Exército sempre teve planos de contingência para retomar territórios palestinos, e que eles podem ser implementados em questão de horas. Entretanto, o porta-voz do Ministério da Defesa, Yarden Vatikay, garantiu que "não existem tais preparativos". Ele negou uma notícia publicada pelo Washington Post dando conta de que Israel voltará a ocupar territórios palestinos caso fracasse a missão Zinni. Raanan Gissin, um assessor de Sharon, disse que todo Exército tem planos de contingência para enfrentar os piores cenários. "Se houver uma séria deterioração da situação, terá de haver uma decisão sobre como responder", ponderou. Um oficial militar, pedindo anonimato, ridicularizou a notícia. Ele disse que o Exército tem planos de contingência para todas as possibilidades. Sharon enfrenta pressões conflitantes dos lados opostos do espectro político israelense. O ultranacionalista União Nacional abandonou a coalizão governamental em 12 de março, reclamando que ele não havia reprimido Arafat. O ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que pretende desafiar a liderança de Sharon no Likud, tem defendido a expulsão de Arafat e a retomada dos territórios palestinos. Por outro lado, os parceiros pacifistas do Partido Trabalhista da coalizão Sharon, liderados pelo chanceler Shimon Peres, são favoráveis a negociações com os palestinos e o alívio das restrições aos palestinos. "Israel precisa agora de um governo forte, unido, sem lutas políticas internas", afirmou hoje Sharon a integrantes do Likud. ?Sem a presença de Peres", responderam alguns deles. Sharon anunciou ter convidado a União Nacional a retornar ao governo.

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