PUBLICIDADE

Israel tenta aliviar pressão mundial com saída de vilarejos palestinos

Por Agencia Estado
Atualização:

Horas depois de o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, ter-se reunido com o enviado especial norte-americano, general Anthony Zinni, e pronunciado um desafiador discurso na Knesset (Assembléia), tropas de Israel começaram a retirar-se do vilarejo da Cisjordânia de Yatta, a 10 quilômetros de Hebron. Segundo a Rádio Israel, os militares israelenses se preparavam hoje à noite para retirarem-se também de Qalqiliya e Tulkarem, ambas no norte da Cisjordânia. Fontes palestinas confirmaram a retirada das tropas israelense de Yatta, acrescentando que as unidades de infantaria, apoiadas por tanques, levaram consigo 50 prisioneiros, incluindo o representante parlamentar do povoado. Yatta tinha sido ocupado no sábado e os soldados israelenses destruíram no local o edifício-sede da Força 17, a guarda pessoal do presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat. Analistas israelenses qualificaram os movimentos de retirada - de características mais simbólicas do que práticas - como uma tentativa do regime de Sharon de aliviar a pressão cada vez mais intensa da administração de George w. Bush pela saída das tropas que ocupam as principais cidades palestinas. Em Ramallah, onde tanques israelenses mantêm Arafat confinado em seu quartel-general desde o dia 29, não se verificou nenhum sinal de recuo por parte do Exército de Israel. Combates pesados se registraram durante todo o dia de hoje nas cidades de Jenin e Nablus. Em Belém, onde cerca de 200 palestinos armados estão refugiados na Basílica da Natividade - local onde, segundo a tradição, nasceu Jesus Cristo - os soldados israelenses dispararam contra uma das paredes do complexo cristão, causando a morte de um palestino Em Jenin, os helicópteros artilhados dispararam contra um campo de refugiados palestinos. "O número de mortos é tão grande que ainda não pôde ser estabelecido", disse o chefe de um hospital local, Mohamed Abu Jali. "Há mais de uma centena de mortos; os soldados não distinguiram crianças, mulheres ou velhos e eles atiraram até nos cadáveres que estavam espalhados pelas ruas", afirmou um dos refugiados, Mohamed Ahmid. Os militares israelenses não permitiram que equipes de jornalistas entrassem no campo, declarado "zona militar fechada". Segundo fontes israelenses, dois soldados morreram na ofensiva em Jenin e um terceiro militar israelense ficou gravemente ferido. Cerca de 15 mil pessoas vivem no campo em Jenin, considerado por Israel uma dos principais lugares de origem dos homens-bomba que têm realizado atentados contra israelenses. Em Nablus, o Exército israelense chegou a dar por terminada a ofensiva contra a Casbah - antigo centro comercial da cidade -, onde 500 palestinos resistiam havia dez dias. Fontes palestinas, no entanto, desmentiram as informações segundo as quais os resistentes tinham se rendido. "Essas informações são parte da campanha psicológica de propaganda de Israel", afirmou o responsável pelas forças de segurança palestinas na cidade, Talal Duekat. "Os combates na Casbah continuam."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.