Israel vai intensificar sua ofensiva na Faixa de Gaza

Enquanto o diálogo chega a um impasse, o primeiro-ministro de Israel Ehud Omert ordena que o Exército amplie sua ofensiva na Faixa de Gaza para libertar o soldado Guilad Shalit

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, ordenou que o Exército amplie sua ofensiva na Faixa de Gaza para libertar o soldado Guilad Shalit, capturado uma semana antes por um comando palestino que atacou um posto militar israelense. ?Dei instruções para a intensificação da força das ações do Exército e dos serviços de Segurança, para caçar esses terroristas, aqueles que os enviaram e aqueles que lhes dão abrigo. Já disse e repito: ninguém ficará imune?, afirmou Olmert numa reunião do gabinete. ?Não quero que ninguém durma à noite em Gaza. As pessoas dizem que é desconfortável (para a população). Será desconfortável. Ninguém morre por desconforto?, disse Olmert, referindo-se às críticas por Israel ter deixado mais de 700 mil pessoas sem eletricidade na Faixa de Gaza. Helicópteros israelenses atacaram nesta madrugada instalações que supostamente abrigam militantes palestinos, entre eles um local do grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, na Cidade de Gaza, segundo fontes de segurança. O ataque, acrescentaram as fontes, não deixou vítimas, porque no momento das explosões não havia ninguém dentro do edifício. Míssil destrói escritório do primeiro-minitro da Autoridade Palestina Desde meados da semana tropas e tanques de Israel estão posicionados na fronteira para uma ofensiva no norte da Faixa de Gaza, de onde extremistas palestinos lançam quase diariamente foguetes contra a cidade israelense de Sderot. Na madrugada de ontem, um helicóptero disparou um míssil nos escritórios do primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Ismail Haniye - integrante do grupo radical Hamas - , ferindo três seguranças. Nem Haniye nem assessores estavam no local. A ala militar do Hamas reagiu ao bombardeio com a ameaça de atentados contra escolas, instituições e usinas elétricas de Israel, se continuar com os ataques contra sedes do governo e infra-estrutura da região. Mediadores do Egito chegam a impasse Segundo mediadores egípcios e assessores do presidente palestino, Mahmud Abbas, chegaram a um impasse as negociações com os captores do soldado (a ala militar do grupo radical islâmico Hamas, os Comitês de Resistência Popular e o Exército Islâmico) O presidente do Egito, Hosni Mubarak, estaria buscando o apoio do presidente da Síria, Bashar Assad, para pôr fim à crise. Isto porque a ala militar do Hamas seria subordinada ao líder máximo do grupo, Khaled Meshal, que vive exilado em Damasco. Já o semanário britânico The Observer informou que está próximo um acordo pelo qual Israel libertaria prisioneiros palestinos em troca de Shalit. Os captores exigem que o compromisso seja firmado com o Egito, para que Israel o cumpra. Hoje, num confronto no sul da Faixa de Gaza o Exército matou três militantes palestinos. As tropas ocupam desde segunda-feira o aeroporto internacional (inutilizado há anos) e áreas perto de Rafah. Israel suspeita que Shalit esteja na região de Rafah ou em Khan Yunis, também no sul do território. Ainda hoje, o vice-primeiro-ministro israelense, Shimon Peres, disse que Israel julgará os 64 membros do Hamas que prendeu na quinta-feira, incluindo oito ministros e 20 deputados. Bloqueio suavizado Israel reabriu hoje o entreposto de Karni, o principal entre o país e o território, para permitir a entrada de caminhões com combustível e víveres. Os hospitais dependem agora de combustível para os geradores, já que Israel bombardeou a principal usina de eletricidade de Gaza. ONU alarmada com crise humanitária em Gaza Em visita à Faixa de Gaza, o enviado da ONU para o Oriente Médio, Álvaro de Soto, se mostrou alarmado neste domingo com a situação, especialmente a humanitária. Ele pediu que os grupos palestinos libertem o soldado Guilad Shalit e lembrou Israel de que deve cumprir as leis internacionais sobre direitos da população civil. "Achamos difícil entender porque a usina de energia elétrica foi bombardeada. Também houve outras medidas dessa natureza, como a prisão de ministros e deputados", disse De Soto, que visitou a usina. Engenheiros disseram que levará de seis a oito meses para que essa central, responsável por mais de metade do suprimento de energia elétrica da Faixa de Gaza, volte a operar plenamente. Essa era a única usina do território. O restante da eletricidade vem de Israel ou de geradores. A usina foi construída pela empresa americana Morganti Group e está segurada por um fundo do governo dos EUA, no total de US$ 48 milhões. Ou seja, o governo americano terá de reembolsar o conserto de turbinas e outros equipamentos. De Soto também se mostrou preocupado com o risco de que 25 mil palestinos sejam forçados a deixar suas casas em Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza, se Israel resolver invadir a região. A agência de ajuda da ONU em Gaza planeja abrigar essas pessoas em escolas e para isso está estocando alimentos e remédios.

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