Israel volta a demolir casas de familiares de suicidas

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Por Agencia Estado
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Soldados israelenses bateram na porta de Atta Sarasara e deram a ele 20 minutos para partir com a família antes que a casa fosse demolida. Sarasara é pai de um suicida palestino. A demolição da residência da família Sarasara, ocorrida na madrugada de hoje, é uma clara evidência de que Israel está revivendo sua velha política de destruir casas de familiares de atacantes suicidas em uma tentativa de impedir futuros ataques. Andando sobre os destroços de sua casa, Sarasara, um professor universitário de Matemática, ainda não havia pensado onde ele e sua família viveriam a partir de agora. Ele ainda tentava se recuperar da morte de seu filho, Hazem Atta Sarasara, que na terça-feira detonou bombas atadas a seu corpo em uma lanchonete de Jerusalém, ferindo sete israelenses. "Não é justo e trata-se de um duro golpe contra minha família. Nunca soube que meu filho iria cometer um ataque deste tipo e Israel sabe disso", afirmou Sarasara. Ninguém da família esperava que Hazem pudesse cometer um atentado suicida. O garoto, de 17 anos, era um ótimo estudante obcecado por computadores que acabara de encomendar seus livros para um novo ano acadêmico. Apenas as fotos do corpo desmembrado do garoto, que estamparam as primeiras páginas dos jornais israelenses, convenceram Sarasara de que se tratava de seu filho. Ontem, depois de ter sido informado sobre o ataque, Sarasara afirmou que não acreditava que Israel pudesse se vingar dele e de sua família porque ninguém sabia dos planos de Hazem. Mas soldados israelenses apareceram na madrugada e destruíram a casa, em uma medida defendida pelos militares de Israel como um claro aviso de que tais ações têm um preço. Por vários anos, Israel destruiu as casas de famílias de atacantes suicidas, particularmente durante a intifada que durou de 1987 a 1993. Mas tal prática foi paralisada depois de um acordo interino de paz assinado em 1993, embora Israel tenha mantido a prática de demolir casas utilizadas para guardar armas ou planejar ataques. Nas últimas semanas, no entanto, o Exército israelense retomou a prática como uma punição. Além das demolições em Beit Jalla, tropas israelenses destruíram em Jenin, Cisjordânia, a casa de um ativista da Jihad Islâmica que foi detido há poucos dias. No dia 19 de julho, o Exército demoliu a casa de um suposto líder do Hamas suspeito de ter planejado uma emboscada perto de um assentamento judeu que deixou 10 mortos. Naquele mesmo dia, soldados colocaram abaixo a residência de um militante das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa que teria enviado dois atacantes suicidas a Tel Aviv, em atentados que mataram quatro pessoas. Ambas as casas estavam localizadas na área de Nablus. Grandes Acontecimentos InternacionaisESPECIAL ORIENTE MÉDIO

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