Israelenses e palestinos discordam sobre trégua

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Por Agencia Estado
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Israelenses e palestinos entraram em controvérsia neste domingo com relação às condições necessárias para a abertura da negociação de uma trégua. Enquanto isso, tanques do Exército de Israel invadiram a cidade cisjordaniana de Ramallah, numa incursão retaliatória, provocando um tiroteio que causou a morte de um palestino e de um soldado israelense. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, disse que as negociações de uma trégua só poderiam ser iniciadas após dois dias inteiros sem nenhum ataque palestino. Mas o líder palestino Yasser Arafat rejeitou categoricamente a sugestão ao dizer que a violência é causada pelas constantes incursões israelenses em territórios palestinos. "Se a calma absoluta durar 48 horas contínuas, nosso ministro de Relações Exteriores se reunirá com Arafat para que seja possível avançar com o cessar-fogo", disse Sharon durante uma sessão extraordinária do Parlamento, que se reuniu para demonstrar solidariedade aos Estados Unidos após os ataques terroristas de terça-feira. Na Cidade de Gaza, Arafat declarou: "Estamos comprometidos com o cessar-fogo. Estamos prontos para o diálogo político a qualquer momento, em qualquer lugar." Durante o atual conflito no Oriente Médio, que já dura quase um ano, múltiplos esforços para negociar um cessar-fogo foram dispendidos, mas fracassaram. Uma reunião entre Arafat e o ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres, deveria ocorrer neste domingo. Porém, Sharon a cancelou após apresentar sua objeção. Sharon disse que iniciar a negociação de uma trégua num momento como este "daria a Arafat a legitimidade de um bom moço". Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, telefonou a Sharon para pedir que a negociação de uma trégua seja iniciada em breve. O governo norte-americano acredita que acalmar a tensão entre israelenses e palestinos é importante para seus esforços de reunir os Estados árabes numa coalizão internacional antiterrorismo. Os Estados árabes estão insatisfeitos com a política norte-americana para a região e acreditam que os Estados Unidos precisam adotar uma postura mais rígida com relação a seus aliados em Israel. No entanto, Sharon parece resistir aos pedidos norte-americanos, acreditando que Arafat deveria ser isolado e rotulado como líder terrorista, posição com a qual concorda seu gabinete. Sharon chegou também a comparar Arafat com o milionário saudita Osama bin Laden, principal suspeito dos ataques contra os Estados Unidos. A incursão israelense em Ramallah, iniciada nas primeiras horas de hoje, foi uma resposta a um ataque ocorrido em Jerusalém no fim da noite de sábado, no qual um israelense morreu e outro ficou ferido, informou o Exército. Pouco depois, os tanques israelenses trocaram fogo por diversas horas com forças palestinas de segurança e milicianos em Ramallah. Os tanques, acompanhados por helicópteros, bombardearam postos de checagem palestinos, um prédio pertencente à inteligência palestina e três casas, disseram fontes palestinas. Um soldado israelense morreu e outro ficou ferido, informou o Exército. Um palestino morreu e 25 ficaram feridos, disseram palestinos.

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