Israelenses invadem aeroporto de Gaza

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Forças militares israelenses entraram na madrugada desta terça-feira (04, pelo horário local) no Aeroporto de Gaza e começaram a destruir a pista principal, habitualmente utilizada pelo presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, para suas viagens ao exterior. A informação foi fornecida por fontes ligadas ao alto escalão da Autoridade Palestina. As tarefas de destruição da pista são levadas a cabo por carros armados e veículos blindados pertencentes ao Exército de Israel, revelou uma das fontes. No início da noite de segunda-feira (03 pelo horário local) quatro helicópteros israelenses dispararam hoje, no início da noite, pelo menos nove mísseis contra o quartel-general das forças do presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, e um escritório das forças de segurança, em Gaza. Duas horas depois, aviões F-16 bombardearam o edifício da polícia palestina e o da sede do governo de Jenin - no norte da Cisjordânia - cidade de onde parte a maioria dos atacantes suicidas. Nesse momento, Arafat se encontrava em Ramallah, principal cidade palestina na Cisjordânia. Na madrugada de terça-feira (pelo horário local), o Exército israelense começou a destruir a pista do Aeroporto Internacional de Gaza, usado por Arafat para suas viagens ao exterior. O ataque a Gaza destruiu dois helicópteros de fabricação russa pertencentes a Arafat - um outro de sua frota está fora de atividade, por problemas mecânicos. Um porta-voz do Exército israelense informou que o objetivo é cercear a liberdade de movimento de Arafat, já que os helicópteros eram usados em suas viagens entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. A intenção aparentemente é impedir que Arafat saia de Gaza. Um depósito de combustível e alguns prédios vizinhos também foram danificados. Enquanto os ataques aéreos prosseguiam, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, declarava "guerra ao terror" e o ministro palestino Saeb Erekat acusava-o de planejar a deposição de Arafat e dizia à TV a cabo norte-americana CNN que a AP considerava os bombardeios uma "declaração de guerra". Sharon reuniu-se à noite com seu gabinete de segurança para decidir as próximas etapas da reação aos atentados. A ação militar israelense, em represália aos três atentados suicidas que no fim de semana mataram 28 pessoas e deixaram 200 feridas em Israel, causou ferimentos em pelo menos 10 pessoas em Gaza, segundo testemunhas e informações dos hospitais. Não houve feridos em Jenin. O número de vítimas não foi mais elevado porque a AP já previa um ataque e, por isso, os civis e membros das forças de segurança foram removidos dos principais possíveis alvos e áreas próximas. Normalmente, nos bombardeios aos territórios autônomos, Israel visa os símbolos do poder da AP. Mesmo assim, as ruas ficaram lotadas de civis em pânico quando começaram os disparos de mísseis em Gaza. A AP considerou o ataque injustificado porque na noite de domingo, horas depois dos atentados suicidas em Israel, suas forças de segurança começaram a prender dezenas de extremistas dos grupos fundamentalistas Hamas e Jihad Islâmica, responsáveis pela quase totalidade das ações suicidas contra israelenses. Foram detidos 110 militantes. Contudo, houve anteriormente várias ocasiões em que as autoridades palestinas detiveram radicais, mas dias depois os soltaram. A AP também baixou medidas de emergência, proibindo reuniões de militantes, manifestações públicas e o incitamento à violência, e determinando o confisco de armas sem licença. A página da Internet da organização Hamas informou que seu líder espiritual, o xeque Ahmed Yassin, foi posto sob prisão domiciliar em Gaza. Em pronunciamento à nação pela TV, depois de reunir-se com altos assessores, Sharon declarou "guerra ao terror" e voltou a dizer que Arafat é diretamente responsável pelos ataques aos cidadãos israelenses. Sharon afirmou que Israel iria agir com todos os meios à sua disposição e comparou a campanha israelense nos territórios ocupados com a guerra travada pelos Estados Unidos contra o milionário saudita Osama bin Laden. Ele não fez menção à atitude de Arafat de mandar a polícia da AP prender militantes islâmicos e também não falou sobre as demais ações que pretende tomar em represália. No domingo, após os atentados, o governo israelense reforçou o bloqueio aos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, impedindo os moradores de se deslocarem entre cidades e povoados. Em resposta à ação militar, o ministro palestino Saeb Erekat disse que Sharon deveria saber que "banho de sangue provoca banho de sangue" e acusou-o de tentar derrubar Arafat. Mas o ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, negou que o país tenha intenção de depô-lo. Na cidade cisjordaniana de Belém, uma explosão matou um palestino. Há controvérsias sobre se ele foi alvo de um atentado das forças de segurança israelenses ou se estava preparando uma bomba. Israel negou ter realizado ataques em Belém hoje. Na cidade de Gaza, cerca de mil palestinos, em sua maioria partidários do Hamas, saíram às ruas em manifestação defendendo mais ataques suicidas, apesar de a AP ter banido concentrações populares. "Adiante com mais ataques de mártires", gritava a multidão, seguindo o funeral de um ativista do Hamas morto por soldados de Israel depois de ter matado um cientista israelense em Gaza. O grupo reivindicou a autoria dos atentados de sábado e domingo em Haifa e Jerusalém, realizados em represália por Israel ter matado um de seus líderes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.