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Israelenses qualificam relatório da ONU de ''injusto e parcial''

Por JERUSALÉM
Atualização:

O governo de Israel criticou ontem o relatório apresentado no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, segundo o qual as Forças Armadas israelenses cometeram crimes de guerra durante a ofensiva contra o grupo radical palestino Hamas na Faixa de Gaza, entre dezembro e janeiro. "Esse é mais um exemplo da atitude unilateral, parcial e injusta do conselho", disse Mark Regev, porta-voz do premiê israelense, Ehud Olmert. "Esse tipo de relatório é uma instrumentalização política dos direitos humanos." O documento foi entregue à comissão pelo relator especial da ONU para os territórios palestinos, Richard Falk, que disse "haver motivos para se concluir" que as operações israelenses na Faixa de Gaza constituem "crimes de guerra da maior amplitude, segundo a legislação internacional". Segundo a ONU, 1.440 palestinos morreram na ofensiva, incluindo 431 crianças e 114 mulheres. O relatório - que acusa Israel de usar crianças como escudo humano e de atacar médicos e hospitais - também foi rejeitado pelos EUA. Para o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Wood, "as opiniões do relator são parciais". DENÚNCIAS Ontem, Daniel Filc, presidente da ONG israelense Médicos pelos Direitos Humanos, disse ao Estado ter recolhido provas suficientes das violações cometidas por Israel. "Pelo menos dez membros de equipes de resgate foram mortos, três ambulâncias foram danificadas e cinco ou seis hospitais, atacados", disse Filc. Ele contou o caso de dois jovens que morreram por não receber socorro médico. "O pai deles passou a noite no telefone com um de nossos funcionários, enquanto pedíamos ao Exército israelense que nos deixasse enviar uma ambulância. Não foi dada permissão e os meninos sangraram até morrer." A ONG de Filc foi criada há 21 anos e tem hoje 1.300 membros, a maioria profissionais da saúde. "Como médico, posso assegurar que houve violação à ética médica. Não tenho como dizer se isso é crime de guerra. É preciso que se investigue." Em Londres, a polícia deteve ontem seis pessoas que protestavam diante da embaixada de Israel contra as operações em Gaza. JOÃO PAULO CHARLEAUX, COM AP e AFP

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