Israelenses vão às urnas com medo e esperança

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Por Agencia Estado
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Para muitos israelenses, as ofertas de paz do primeiro-ministro Ehud Barak foram generosas demais, e isto custou-lhe votos hoje. "As pessoas estão perdendo a crença de que o primeiro-ministro pode mudar tudo", disse Gali Mizrachi, de 28 anos, que votou para o oponente de Barak, o favorito Ariel Sharon. Ao contrário de Barak, que se empenhou para conseguir um tratado de paz mas fracassou, Sharon armou sua campanha se opondo a fazer concessões aos palestinos. Parece ter sido uma estratégia vitoriosa, mesmo que alguns eleitores não estejam empolgados com Sharon. Ruth Zaken, uma contadora de 29 anos, votou em Sharon, dizendo que ele era "menos pior" que Barak. "Talvez Sharon assine um acordo de paz - como faria Barak -, mas talvez Jerusalém continue nossa", afirmou ela. Em negociações de paz, Barak levantou a possibilidade de ceder bairros árabes em Jerusalém aos palestinos. Menachem Amir, 70 anos, um professor de criminologia na Universidade Hebraica em Jerusalém, votou em Barak, parcialmente por medo de Sharon, que, segundo ele, "representa os maiores desatinos de Israel em termos de guerra". "Vou votar em Barak porque ele fez de tudo para alcançar a paz, apesar de ele não ter feito quase nada nas questões sociais como pobreza e integração", disse. "Mas quem vai ganhar a eleição é (o líder palestino Yasser) Arafat", afirmou. "Sua intifada (levante) instilou muita incerteza e medo nos israelenses". Alguns israelenses simplesmente se recusaram a votar em qualquer candidato. Mickey Shelkov, 23 anos, votou em Barak na eleição passada, mas não foi votar hoje. "Barak ou Sharon - não faz diferença", disse ela. "Não acho que eles possam fazer qualquer coisa para mudar o que ocorre neste país". Liat Sherf, 25 anos, estava mais animada em usar o dia livre para dormir do que para votar. Ela e sua amiga Anat Azoulay, 27 anos, dançavam na noite de segunda-feira num café no centro de Jerusalém. "Não quero votar. Nenhum é bom", disse Azoulay, uma agente de viagens que teve seu salário cortado devido à fuga de turistas provocada pela atual onda de violência. Ela afirmou que iria votar em branco.

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