PUBLICIDADE

Itália: capitão Schettino é conduzido a tribunal

Por AE
Atualização:

O capitão do transatlântico Costa Concordia, Francesco Schettino, de 51 anos, compareceu nesta segunda-feira ao tribunal de Grosseto, na região da Toscana, onde é acusado de ser um dos nove responsáveis pelo naufrágio da embarcação, que ocorreu em 13 de janeiro de 2012 e deixou 32 mortos. Um dos 4.200 passageiros e tripulantes que estavam a bordo do transatlântico, Luciano Castro, se levantou e apertou a mão de Schettino. "Só queria olhar direto nos olhos dele e dizer: a verdade será esclarecida logo", disse o náufrago Castro. Schettino não foi julgado nesta segunda-feira. A promotoria deverá decidir nesta semana se ele será julgado por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar). Vestindo óculos escuros, Schettino não fez comentários à imprensa. Na noite de 13 de janeiro, Schettino executou uma manobra arriscada e não prevista com o transatlântico, aproximando demais a embarcação da ilha do Giglio, ao largo da costa da Toscana. O transatlântico bateu contra os recifes e começou a afundar. Schettino não só abandonou a embarcação nos primeiros momentos do naufrágio, como foi negligente e atrasou os esforços para resgatar os passageiros, mostrou uma investigação independente. Mais de mil náufragos sobreviventes, parentes das 32 vítimas e os advogados compareceram ao tribunal de Grosseto nesta segunda-feira, onde foram apresentadas as provas contra Schettino e os outros oito acusados. Entre os acusados, estão executivos da empresa Costa Crociere, dona do transatlântico."Queríamos olhar nos olhos dele para ver como ele reagiria às acusações", disse o sobrevivente alemão Michael Liessen, de 50 anos, que compareceu à audiência de hoje com sua esposa. No mês passado, os especialistas independentes indicados pela promotoria entregaram um relatório de 270 páginas, o qual detalhou o que saiu errado na noite de 13 de janeiro e provocou o desastre. Os especialistas, entre os quais estão dois almirantes e dois engenheiros, concluíram que a colisão contra os recifes do Giglio e a retirada desastrada dos passageiros foram responsabilidade, em grande parte, de Schettino.Embora no relatório os especialistas culpem pesadamente Schettino e outros oficiais que estavam a bordo, como o vice-capitão Ciro Ambrosio, advogados dos náufragos sobreviventes e das famílias dos mortos culpam a empresa Costa pelo naufrágio, alegando negligência."A causa das mortes das pessoas não foi o capital Schettino" apenas, disse Peter Ronai, advogado da família de um violinista húngaro que trabalhava na tripulação do Costa Concordia. O violinista foi visto dando seu colete salva-vidas a uma criança, antes de desaparecer no naufrágio. Ele foi contado entre os mortos. "Não existiam motivos para 32 pessoas terem morrido. O transatlântico tinha o tamanho de um shopping center. E a embarcação ficou em um caos completo após bater nos recifes", disse Rónai. A empresa Costa Crociere nega ter sido incompetente. Em julho, a empresa demitiu Schettino, que agora luta nos tribunais para ser readmitido.Os passageiros descrevem um cenário completamente caótico após a colisão. Algumas das 4.200 pessoas que estavam a bordo pularam diretamente no Mediterrâneo e nadaram até a ilha do Giglio, enquanto outras tiveram que esperar durante horas, no navio adernado, para serem retiradas por helicópteros da Guarda Costeira italiana. As informações são da Associated Press.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.