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Itália exige que França se desculpe por críticas em meio à disputa sobre navio com imigrantes  

Matteo Salvini disse que não está preparado para receber críticas de um país que regularmente para migrantes na fronteira entre os dois países; Macron pediu que italianos mantenham a razão

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Por Redação
Atualização:

ROMA - A Itália convocou o embaixador na França e rejeitou enfurecidamente o criticismo francês de suas políticas de imigração nesta quarta-feira, 13, escalando um impasse diplomático entre as potências europeias vizinhas. O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, exigiu que a França "se desculpe". 

O ministro da Economia da Itália, Giovanni Tria, também cancelou uma reunião com seu colega em Paris, um dia após o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmar que Roma havia agido com “cinismo e irresponsabilidade” ao fechar os portos aos migrantes

Macron e Conte se cumprimentam durantecúpula do G7 em Charlevoix, Canadá Foto: AFP PHOTO / POOL / Ian LANGSDON

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“Não temos nada que aprender sobre generosidade, voluntarismo, hospitalidade ou solidariedade, de ninguém”, afirmou Salvini, no Senado. Salvini, que também é vice-premiê e líder do partido Liga, anti-imigração, disse que não está preparado para receber críticas de um país que regularmente para migrantes na fronteira entre os dois países. 

+ A Itália e os imigrantes

A disputa está centrada no navio assistencialista Aquarius, que tanto Itália quanto Malta se recusaram a deixar atracar em seus portos. A embarcação levava 629 migrantes e agora se dirige à Espanha, escoltada por duas embarcações italianas. 

Mais cedo, Macron havia pedido para que os italianos priorizem a razão e deixem as emoções de lado após as críticas feitas por ele ao governo do país vizinho. 

"Há um ano que trabalhamos ao lado da Itália de forma exemplar. Diminuímos as chegadas, com um trabalho na Líbia e no Sahel ativo e construtivo", disse Macron sobre a cooperação com o governo vizinho para reduzir os embarques de imigrantes no Norte da África. "Quem seria eu se desse razão aos provocadores?", questionou, fazendo uma referência à oposição de seu próprio país.

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Para Macron, a resposta para a crise migratória passa pela promoção de uma plano de desenvolvimento, segurança e desmantelamento das redes de tráfico de pessoas na África. Além disso, segundo ele, a Europa precisa de uma política comum de asilo.

O caso tocou um dos assuntos mais controversos na política europeia — como compartilhar a responsabilidade pelos migrantes que tentam entrar no bloco vindos de zonas de guerra e países pobres, principalmente do continente africano e do Oriente Médio. 

A Liga, de Salvini, recebeu sua maior votação na história nas eleições de março, em parte por conta de suas promessas de deportar centenas de milhares de migrantes e conter o fluxo de outros novos, e formou uma coalizão com o Movimento 5 Estrelas (M5S), que é anti-sistema. 

Mais de 1,8 milhão de pessoas chegaram à Europa desde 2014, e a Itália abriga mais de 170 mil que pediram asilo, além de estimado meio milhão de migrantes não registrados.

Governos anteriores acusaram outros Estados da UE de ter ignorado os pedidos da Itália para ajudar a receber os migrantes e compartilhar os custos de seus cuidados. 

A França tentou adotar um tom mais conciliador na quarta-feira, com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Agnes von der Muhll dizendo estar “completamente ciente do fardo que as pressões migratórias impõem à Itália”, e a França estaria comprometida em colaborar com Roma sobre imigração. 

Imigrantes foram resgatados pelo navio Aquarius, da ONG SOS Méditerranée, com o apoio da ONG Médicos Sem Fronteiras Foto: AFP PHOTO / SOS MEDITERRANEE / Karpov

Os ministros da Economia dos dois países conversaram por telefone, segundo uma autoridade do Ministério das Finanças da França, e concordaram em remarcar a reunião cancelada. 

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Mas o ministro das Relações Exteriores da Itália, Enzo Moavero, manteve a artilharia ao dizer a um diplomata francês que os comentários de Macron eram “injustificáveis” e comprometiam as relações entre os dois países./ AFP, REUTERS e EFE

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