15 de junho de 2018 | 21h24
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e o presidente francês, Emmanuel Macron, pediram nesta sexta-feira, 15, a criação de centros para o processamento dos pedidos de asilos de imigrantes em seus países de origem. "O perigo não começa nos barcos", disse o chefe italiano, após a crise causada pelo barco Aquarius, que segue para a Espanha com mais de 600 migrantes a bordo. A embarcação inicialmente tinha a Itália como destino, mas o país recusou sua entrada.
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Macron reiterou o pedido, dizendo ser a favor de sucursais das agências para lidar com a questão no outro lado do Mar Mediterrâneo. Ele também pediu maior solidariedade com o Estado italiano, que desde 2015 recebeu quase meio milhão de imigrantes. "Junto com nossos parceiros, queremos uma reforma profunda do sistema de Dublin", disse o presidente, referindo-se ao regulamento europeu determinando que imigrantes devem pedir asilo no primeiro país europeu onde chegarem. Para a Itália, a regra impõe uma carga desproporcional sobre os países do Mar Mediterrâneo, como Espanha, França e Grécia.
As propostas não terão fácil aceitação, já que a UE apresenta grandes fraturas quando o assunto é gestão da crise imigratória. Além disso, ainda há o grupo conhecido como Visegrado, composto por Polônia, Romênia, Eslováquia e República Checa, países contrários ao acolhimento de refugiados. O discurso antiimigratório tem permeado outros Estados Europeus, como Áustria e Itália.
Nesta semana, ministros da Alemanha, Áustria e Itália propuseram a criação de um "eixo de voluntários" para lidar com a imigração ilegal, aumentando as tensões e discordâncias no bloco. A declaração conjunta de França e Itália vem após tensões entre os dois países.. Quando a Itália rejeitou a entrada do Aquarius, Macron acusou o país vizinho de "cinismo e irresponsabilidade". Em resposta, Roma criticou a França por "desviar o olhar em matéria de imigração".
Enquanto isso, o navio segue para a Espanha, que se ofereceu para recebê-lo a fim de evitar uma catástrofe humanitária. A chegada no porto de Valencia é prevista para os próximos dias. Serviços de emergência espanhóis informaram que, desde a última sexta-feira, cerca de 700 migrantes foram resgatados vivos, e outros quatro, mortos.
Para Conte, agora é hora de "virar a página" sobre a disputa entre Itália e França sobre o Aquarius. Ele acrescentou que o país vai tomar uma abordagem "integrada" quanto à migração quando a Áustria assumir a presidência rotativa do bloco, em julho. / APF
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